Aparte
Opinião - O que queremos ser, afinal?

[*] David Leite

Pergunta crucial: como lutar para garantirmos uma sociedade menos excludente, menos equivocada quanto à diversidade humana em sentido amplo, e mais respeitosa com as divergências e convergências. E, não menos importante, livre da violência, seja ela física ou psicológica?

A esquerda, alijada da influência política pós-queda do Muro de Berlim, a fim de encontrar “bandeiras” para manter a hegemonia, incentivou a luta por “sinais identitários”, tais como idade, gênero, orientação sexual, religião, classe social, etnia, raça, língua, nacionalidade etc. No espectro político, a questão “identitária” gerou uma guerra de narrativas entre os polos de poder.

A direita encerra sob as mesmas delimitações o movimento negro, o movimento indígena, o movimento LGBT, o movimento de mulheres, o movimento feminista, entre outros. Tudo no mesmo saco…

A esquerda dividiu os grupos em lotes “identitários”, ignorando a questão humana, reduzida em cada movimento à própria “identidade local”, todos em diferentes caixinhas, unidos apenas pela materialidade da vida social. Ou melhor, por aspectos econômicos e/ou jurídicos. 

Criou-se, assim, o caldo perfeito para a falação, nas redes sociais e nos equipamentos funcionais do dia a dia, de fiéis militantes a favor ou contra a causa identitária, tanto à esquerda quanto à direita.

E neste caldo cultural, os formadores de opinião - jornalistas, educadores, líderes religiosos e políticos etc -, peças-chave na divulgação da narrativa que interessa a cada polo, combatem em justaposição subjetiva, munidos do que consideram a nova “consciência de classe”.

Seja para fins da política cartorial e hegemônica da esquerda, ou da política reacionária e excludente - e, portanto, também reducionista - da direita, a questão “identitária” surge como postura burra.

Isto é, uma ignorância ativa e reativa, uma recusa absoluta do conhecimento e da reflexão do sentido macro de humanidade, de personalidade celular [única], não obstante sermos [cada um] partes do todo maior.

Vivemos tempos obscuros, agravados pelo desprezo ao ser humano e pela intolerância aos contrários, resquícios do patriarcado machista paleolítico que ainda impera.

O sentido de libertação precisa, com urgência, unir a todos, de modo a inspirar e encorajar o fortalecimento da visão salvadora e espiritualmente superior de pertencimento - em sentido universal - e de coesão, onde não importam gênero, riqueza ou etnia, mas a energia do ser pensante. A energia humana!

Ou nos engajamos a um mundo sem bandeiras ou fronteiras, ou estaremos fadados ao fracasso como espécie. A escolha parece sensata, no entanto, nunca estivemos diante de um dilema tão assustador.

[*] É jornalista e marquetólogo.

 

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