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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Luciano Pimentel vê Temer “como antirrepublicano” na pressão aos govenadores
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Luciano Pimentel: diálogo sim, pressão jamais

O deputado estadual Luciano Pimentel, PSB, reprova duramente a atitude do presidente da República, Michel Temer, PMDB, de condicionar a liberação de recursos de empréstimos aprovados a Estados brasileiros a votos de suas respectivas bancadas federais na reforma da Previdência.

“Eu avalio isso como extremamente antirrepublicano, independentemente de que Estado esteja sofrendo o boicote. Não é justo, e muito menos ético, misturar uma coisa com a outra. Ou seja, o interesse político com a necessidade administrativa”, diz Luciano Pimentel.

“Que o presidente da República converse com os governadores de Estado, peça apoio para a reforma, até acho razoável. Isso é da política. Mas impor e vetar pleitos aprovados e garantidos, chantagear governadores, isso não é republicano”, reforça.

Apesar de ter votado no empréstimo dos R$ 560 milhões para Sergipe, atendendo pedido de suas bases, Luciano mantém a convicção de que “o empréstimo em questão é caro para Sergipe, foi um mau negociado para o Estado”, mas salienta: “eu não poderia ter votado contra”. Vale a pena ler esta entrevista.

Aparte - Com esse imbróglio diante do Governo Federal, que pressiona os deputados a votarem a favor da Reforma da Previdência, como o senhor avalia o posicionamento da sua votação, tendo sido favorável ao empréstimo dos R$ 560 milhões?
Luciano Pimentel
- Eu avalio a minha posição e a votação perante o pedido do empréstimo como acertadas. Mantenho aqui diante desta pergunta a mesma postura do momento em que o projeto de lei chegou à Alese: o empréstimo em questão é caro para Sergipe, foi um mau negociado para o Estado, mas eu não poderia ter votado contra. 

Jornal da Cidade - O senhor se arrependeu do voto que deu?
LP -
Jamais me arrependi. Houve incompreensão por parte do meu partido, mas eu não poderia ter votado de costas para os interesses de minhas bases no interior. E quais eram os interesses de minhas bases? Eram o de que o Estado tivesse recursos para recuperar as estradas de Sergipe. O que me ocorreu foi que que eu cairia em enorme contradição se votasse contra.

Aparte - Mas por que?
LP -
Porque eu fui, nestes três anos, provavelmente o deputado estadual que mais apresentou requerimentos pedindo ao Governo do Estado e ao DER que reparassem a buraqueira das estradas de Sergipe. Com que cara eu enfrentaria essas comunidades, se eu votasse contra? Meu voto foi fruto dessas circunstâncias e, portanto, não posso me arrepender dele.

Aparte - Como o senhor avalia essa medida de pressão do Governo Federal ao Governo do Estado no que diz respeito a liberar o empréstimo só se tiver voto a favor da Previdência?
LP -
Eu avalio isso como extremamente antirrepublicano, independentemente de que Estado esteja sofrendo o boicote. Não é justo, e muito menos ético, misturar uma coisa com a outra. Ou seja, o interesse político com a necessidade administrativa. Que o presidente da República converse com os governadores de Estado, peça apoio para a reforma, até acho razoável. Isso é da política. Mas impor e vetar pleitos aprovados e garantidos, chantagear governadores, isso não é republicano.

Aparte - O senhor acha que esse veto pode prejudicar o povo sergipano?
LP -
Se o empréstimo foi aprovado pela Caixa, se o Conselho Monetário Nacional certificou de que há condições do Estado, o normal seria que após o cumprimento de todas as exigências legais ocorresse, sem embargos, a contratação e posteriormente analisados todos os projetos, que fossem liberados os recursos.

Aparte - Qual o cenário atual das rodovias estaduais de Sergipe?
LP -
Olha, posso lhe garantir de viva experiência, de muito transitar por elas quase que diariamente, que é o pior dos cenários possíveis. Dou aqui, como exemplos, as rodovias que ligam Poço Verde a Tobias Barreto e Graccho Cardoso a Aquidabã, que são uma tábua de pirulito. Uma buraqueira só. Nenhum cidadão, nenhuma economia, merece ter aquilo por estradas.

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