Aparte
PENSAR SERGIPE “O diagnóstico da falência do Estado não nos basta”

Niully Campos: “o próprio governo, deveria ser o fomentador do diálogo para superar a crise”

Assustados com o que classifica sempre de descaminhos de Sergipe, o PSB e a Fundação João Mangabeira saem da passividade, botam na rua a partir desta sexta-feira, iniciam o “Movimento Pensar Sergipe: os caminhos para a retomada do desenvolvimento socioeconômico” e convidam a sociedade a se somar.

“Se do palácio para as ruas a estrada está interditada, é das ruas para o palácio que as ideias inovadoras devem caminhar. E a Fundação João Mangabeira, como uma legítima entidade de formação política e formulação de políticas públicas, não pode se furtar de dialogar com as pessoas, sem jamais desconsiderar as boas ideais e planejamentos já existentes”, diz a bem-falante presidente da Fundação João Mangabeira, advogada Niully Campos, em entrevista à coluna Aparte. Vale apena “ouvir” o que ela tem a dizer.

Aparte – Niully Campos, aonde o PSB e a Fundação João Mangabeira querem chegar com o Movimento “Pensar Sergipe: os caminhos para a retomada do desenvolvimento socioeconômico”, a começar nesta sexta?
Niully Campos – A vertiginosa queda na qualidade de vida do povo de Sergipe é apresentada de maneira científica, por meio dos dados econômicos, fiscais e sociais, expostos no anuário socioeconômico de Sergipe, publicação do Grupo de Pesquisa em Análise de Dados Econômicos, vinculado ao departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe. Mas é chegado o tempo em que o diagnóstico da falência do Estado não nos basta. Aliás, a máxima do “quanto pior melhor” nunca coube aos cidadãos que acreditam na boa política. Nesse sentido, a Fundação João Mangabeira, que possui na formação política sua razão maior de ser, sugere o Movimento Pensar Sergipe. Não se trata, por óbvio, de uma iniciativa inédita. Pensamos e vivemos Sergipe todos os dias. O que se quer, sobretudo, é tornar o Pensar Sergipe mais um legítimo espaço condensador de boas ideias. Um movimento comprometido com o apontamento dos caminhos para a retomada do crescimento e da melhoria da vida da população sergipana, em que prevaleça o diálogo propositivo em detrimento do embate político personalíssimo e improdutivo.

Aparte – Quem serão os palestrantes desta primeira rodada? 
NC – No seminário de lançamento, que acontecerá nesta sexta, 25, contaremos com a exposição do economista e mestre em Sociologia do Desenvolvimento, Márcio Rogers Melo. A mesa, mediada por mim, também terá como debatedores o senador Antônio Carlos Valadares e o presidente nacional da FJM e ex-governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.

Aparte – As temáticas vão obedecer áreas específicas de desenvolvimento?
NC – Idealizamos alguns encontros, que deverão priorizar o debate sobre áreas específicas, como por exemplo “Economia e desenvolvimento sustentável”; “Educação, cultura e inovação”; “Estado e democracia, transparência e controle social de políticas públicas”; “Políticas sociais e qualidade de vida”; “Segurança pública e o pacto pela vida”. Mas o Pensar Sergipe não é um espaço pronto e acabado. Está aberto às sugestões e participação de todos e de todas. Devemos ainda realizar uma série de entrevistas com especialistas, de maneira a subsidiar ainda mais os debates e proposições do Pensar Sergipe.

Aparte – Qual o tema dessa primeira rodada?  
NC – No primeiro seminário, haverá a apresentação dos dados do Anuário Socioeconômico de Sergipe. A partir daí, será realizado o debate sobre os desdobramentos da crise na atividade econômica, no mercado de trabalho, finanças públicas e ambiente social, inclusive com a participação da plateia, que poderá realizar perguntas ou fazer apontamentos.

Aparte – A senhora acha que uma Fundação ligada a um partido e um partido em si serão isentos para apresentar um diagnóstico de desenvolvimento de um Estado?
NC – Avaliar, dialogar e buscar os caminhos para a superação da situação apresentada deveria ser inciativa de todos e todas, inclusive dos partidos políticos e suas organizações. Pensar a melhoria do Estado não exige de nós isenção, isso porque sem desconsiderar a responsabilidade das decisões políticas que conduzem e mantém o Estado em tão grave situação, mais do que apontar de quem é a culpa, é chegada a hora de perguntar o que fazer. Claro que o desafio é ainda maior na medida em que se pergunta: como realizar um movimento que comprometa os cidadãos num tempo em que todos e todas desacreditam da política? Acreditamos que diferença está na prática. Na medida em que as pessoas são efetivamente ouvidas, quando o diálogo é honesto e propositivo, a prática se encarrega de diferenciar quem faz a política das agressões personalíssimas e improdutivas daqueles que querem de fato Pensar Sergipe.

Aparte – Este Movimento do PSB e da Fundação João Mangabeira parte de que princípio sobre o que existe de planejamento hoje para Sergipe? O que há é ótimo, bom, ruim ou péssimo?
NC – A constatação do fracasso do que está em execução é evidente. Mais ainda, é científica. O próprio governo, deveria ser o fomentador do diálogo para superar a crise. Mas prioriza o enfrentamento político em detrimento do bom debate. Se do palácio para as ruas a estrada está interditada, é das ruas para o palácio que as ideias inovadoras devem caminhar. E a Fundação João Mangabeira, como uma legítima entidade de formação política e formulação de políticas públicas, não pode se furtar de dialogar com as pessoas, sem jamais desconsiderar as boas ideais e planejamentos já existentes.

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