[*] Ninã Victor Ferreira Cardoso
A cada ano eleitoral, nota-se a queda no número de jovens de 16 até 17 anos aptos a votar. Tal fato não acompanha a pirâmide etária brasileira. Então convém se analisar os motivos, embora evidentes, de tanto desinteresse político por parte da nossa juventude.
De janeiro a maio de 2022, o jovem que completar 16 anos até o data da próxima eleição poderá se alistar e tirar o seu título, estando apto a exercer sua cidadania do voto.
Entretanto, percebe-se que cada vez menos jovens despertam a vontade de realizar o cadastro eleitoral. O que é objeto de preocupação para quem faz do protagonismo jovem sua bandeira política e deve ser tema de debate popular.
Nossa Constituição, em seu artigo 14, prevê que o voto é facultativo aos jovens de 16 e 17 anos, sendo obrigatório somente a partir dos 18 anos.
No entanto, sobretudo na faixa etária facultativa, encontramos uma juventude desacreditada e descrente em dias melhores através da política e do sufrágio popular a nós concedido.
Quais seriam, então, as perspectivas desses possíveis novos eleitores em relação aos seus representantes? Até quando nós, jovens brasileiros, deixaremos que decidam em nosso lugar um futuro que é nosso?
Obviamente, não é fácil para nós, que somos jovens, acreditar que a política brasileira pode ser um espaço onde teremos representatividade e um instrumento de transformação social.
São anos de escândalos de corrupção, cabrestos eleitorais e utilização criminosa do poder. Esse conjunto de fatores faz com que o jovem brasileiro tenha repulsa por tudo aquilo que se refere ao ambiente da política do país.
Lamentavelmente, somos destaque quando o assunto é a captação de votos, mas esquecidos quando o tema são as políticas públicas de juventude.
É prefeito que vira as costas para os jovens munícipes, governador que sucateia a educação pública e presidente que só pensa em si e em seu nicho de aliados.
De esquerda à direita, a juventude segue sendo a margem, desesperançosa e desassistida. Durante anos, os jovens acumulam motivos para demonizar a política e enxergá-la com aversão.
Mas será que cruzar os braços é de fato a solução? Será que devemos calar a voz de 23% da população do nosso país? Vamos mesmo deixar que os vícios do sistema político brasileiro dominem e estejam no centro das decisões?
A resposta é definitivamente não! Por natureza, nós temos voz e disposição para ocasionar mudanças significativas em nossa realidade. Como dito, somos quase um terço da população brasileira, e unidos podemos mostrar a força da juventude.
É preciso, portanto, que exerçamos nossa cidadania, que é um direito garantido constitucionalmente, e busquemos entender cada vez mais como funciona o nosso sistema político e seus mecanismos de poder.
Assim teremos a representatividade que tanto necessitamos para sair desses tempos sombrios em que nos encontramos. Afinal, parafraseando o gigante Martin Luther King, o que preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.
[*] É estudante de Direito, coordenador da Juventude do Cidadania e membro do Conejuve.
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