Aparte
Opinião - A escolha do nome para o Senado será crucial nas campanhas de Rogério e Mitidieri

[*] André Luis Carvalho

A escolha do nome que concorrerá ao Senado tem o potencial de fortalecer a candidatura ao governo e, até o momento, as chapas governista e petista não anunciaram quem indicarão para essa vaga. Enquanto o nome da chapa petista terá função de atrair mais apoio, o do grupo governista definirá de qual lado do jogo estarão nessa eleição.

Rogério Carvalho, PT, não conseguiu atrair muitos nomes durante a janela partidária e expôs o que talvez seja sua principal dificuldade. Como nomes possíveis à vaga de senador surgem Henri Clay, PSOL, e Valadares Filho, PSB. Ambos não se demonstram capazes de trazer mais do que o petista já tem. Cabe a Rogério utilizar bem essa janela de oportunidade e buscar fortalecer seu palanque.

No grupo governista, dois nomes muito distintos se colocam dispostos. Laércio Oliveira, PP, e Jackson Barreto, MDB, são rumos antagônicos. O primeiro é abertamente bolsonarista e o segundo convictamente lulista. Apesar de já ter declarado apoio à pré-candidatura de Lula, PT, o candidato governista recuou e anunciou palanque neutro para presidente. Tal recuo vem logo após Laércio classificar o apoio como precipitado.

Jackson Barreto estaria alinhado às intenções iniciais de Fábio Mitidieri, PSD, em apoiar o ex-presidente petista. O ex-governador seria peça fundamental para aproximar o grupo do forte sentimento lulista que deve tomar conta do Nordeste em outubro. Porém, o agrupamento parece ter recalculado a rota após o anúncio de pré-candidatura do PL.

O palanque neutro destoa do legado corajoso e de firme posições de Marcelo Déda, personagem frequentemente usado pelos governistas para legitimar suas razões de ser. Apesar do discurso de que a escolha pela neutralidade é um ato democrático, o que transparece é a fraqueza para sustentar e assumir escolhas.

Para Jackson e Rogério, seria mais benéfica uma composição com ambos juntos, restando aos governistas a escolha por um bolsonarista e o encaminhamento por uma chapa insossa e incapaz de convencer lulistas e bolsonaristas. Tal movimento pode ser visto na natimorta terceira via da corrida nacional.

No espectro político à direita, duas boas escolhas já foram feitas. Recém-saída de uma eleição competitiva à Prefeitura da capital sergipana, Danielle Garcia, Podemos, é pré-candidata na chapa encabeçada por Alessandro Vieira, PSDB. O ex-senador Eduardo Amorim, PL, é o candidato de casa na chapa do velho aliado Valmir de Francisquinho, PL.

O fato de ter tido uma campanha forte na capital sergipana coloca Danielle em posição privilegiada. A situação de Danielle, apesar de compor na chapa de Alessandro com quem possui semelhanças, dificilmente será capaz de alavancar a difícil candidatura do atual senador tucano.

Eduardo Amorim foi um dos principais entusiastas da primeira candidatura de Valmir à Prefeitura de Itabaiana e soa muito natural a composição de chapa entre ambos. Em movimento inverso, Valmir poderá não conseguir alavancar Amorim na corrida. Ainda é esperado por alguns que Alessandro abdique da pré-candidatura e que Danielle esteja na chapa majoritária de Valmir.

Com muitos nomes competitivos ao governo, a escolha do nome ao Senado fica naturalmente em segundo plano, mas não pode ser banalizada com o risco das chapas fracassarem por completo. Aqueles que escolherem mal nesse momento poderão colher frutos amargos no fechar das urnas em outubro.

[*] Cientista político pela Universidade de Brasília.

 

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