Aparte
Mulheres do Brasil têm a missão de depurar a política nacional

[*] Adalberto Vasconcelos Andrade

Não é fácil ser o que a gente não quer. Mais difícil ainda é as pessoas entenderem isso. A mulher atual serve como exemplo de que o mundo pode ser diferente, e bem melhor.

Na década de 60, os movimentos feministas derem o pontapé inicial contra o sistema político-social dominante e a sujeição em que as mulheres eram mantidas e que se manifestava em todas as esferas de sua vida: familiar, profissional, econômica, jurídica e sexual. 

Essa geração de mulheres cansou da submissão pura e cega e partiu para o ataque, deixando claro a sua insatisfação. O casamento não era mais o seu principal objetivo. Queria muito mais que casa, comida, marido e uma ruma de filhos pra criar.

A mulher, por séculos, foi vigiada por todos os meios possíveis e isolada de qualquer possibilidade de escolha, ação ou reação que colocasse em risco a supremacia masculina.Com a revolução sexual, ela deu seu grito de independência contra a autoridade masculina, antigos conceitos, e padrões sociais.

Na década de 70, a mulher entrou de vez no mercado de trabalho, e isso deu a ela mais autonomia e poder - inclusive no que diz respeito a sua sexualidade.

Atualmente, as mulheres estão transando mais e a independência financeira foi o primeiro passo. O segundo foi buscar aquilo que elas chamam de “independência emocional”. Com tamanha autonomia, não fica de fora o prazer sexual. Sexo, também é poder.

É por essas e outras que a mulher independente ainda assusta os homens. Na virada do século, muita coisa ficou para trás. Mudaram os costumes, os conceitos e os valores morais. Por esta nova ordem, os direitos e deveres também.

Foi a Constituição de 1988, por exemplo, que trouxe um novo conceito de família, e não mais a noção que permeava o Direito até então, de que o casamento era fonte única e exclusiva da formação da família. Hoje, define-se família pela relação de afeto. Portanto, pode existir independentemente de um contrato de união formal, do pacto de fidelidade, entre outras convenções sociais.

A mulher valoriza, acima de tudo, a família, mas ela não precisa ser como a Igreja sempre defendeu. Ou seja, de protagonista, o homem passou a mero coadjuvante na formação do núcleo familiar e na vida sexual da mulher moderna.

Sem dúvida nenhuma, elas revolucionaram as relações de afeto e de poder. Os homens, que hoje detêm o poder político, sentem - e temem - que não vai demorar muito para que as mulheres assumam também o protagonismo nas principais decisões políticas tomadas dentro do Congresso Nacional.

Mas antes, elas têm que despachar metade dos parlamentares que ocupam as cadeiras daquela Casa - começando pelos fichas sujas. Como representam mais de 50% do eleitorado brasileiro, não creio que seja uma missão impossível. Já podem começar de depurar a política nacional agora em 2018. Aliás, já estão atrasadas.

[*] É administrador de Empresas, Policial Rodoviário Federal aposentado e escritor.