Aparte
Opinião - Michelle Bolsonaro entrou no circuito

[*] Rômulo Rodrigues

O governo liderado pelo presidente Jair Bolsonaro caiu ao rés do chão quando aceitou um cabo da Polícia Militar de Minas Gerais para negociar com coronéis corruptos e representantes de empresas de fachadas um quantitativo de 400 milhões de doses de vacinas ao preço unitário de fabricante de US$ 3,5 num total de US$ 1,4 bilhão com um pedido de propina de US$ 400 milhões, e isso em uma mesa de bar - quantias nunca vistas e divulgadas em rodadas de corrupção.

O próprio presidente da República, alertado por um deputado federal aliado e um irmão desse com cargo alto no Ministério da Saúde, apenas esbravejou e disse que era armação do seu líder na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros, e deixou o dito pelo não dito, prevaricou e disse na maior cara de pau não saber que é funcionário público. Fez o que falou em relação à CPI do Senado.

No celular do cabo sem soldado tem uma mensagem muito interessante anunciando que a primeira dama entrou no circuito e, imediatamente os bolsonaristas mais radicais expressaram suas dúvidas. Circuito Barra-Ondina ou o de Interlagos?

Ledo engano, fruto da crença ou da ingenuidade, o celular do cabo de turma deixa claro que foi o da cobiçada vacina da Covaxin que poderia render mais de R$ 2 bilhões, a depender da cotação do dólar e deixar Deltan Dallagnol de queixo caído.

Os generais estão em polvorosa porque sabem que o papa Francisco está se recuperando da cirurgia a que foi submetido e com isso, as chances deles serem canonizados como santos são nenhuma.

A corrupção desenfreada em todo o governo sob a presidência de Jair Bolsonaro já é a maior de toda a história da República e só a da Covaxin atinge o imbatível recorde olímpico de ter multiplicado por 400.

Maior que a denunciada mala cheia de dólares entregue ao general Amaury Kruel para trair o presidente da República João Goulart e escancarar os portões para o golpe militar que gerou a ditadura que durou de 1964 a 1985 e formou os golpistas de hoje.

E vai muito mais além. A ditadura militar roubou, matou, torturou, censurou, quebrou empresas nacionais e fez emergir o monstro da lagoa chamado Roberto Marinho, em substituição a Assis Chateaubriand, o maior de todos os maus caráteres dos meios de mídia. Mas a disfarçada de hoje está sendo algo mais repugnante. A história vai ter que cobrar e é dobrado um genocídio que caminha para 600 mil vidas perdidas pela Covid-19.

Não adianta culpar e cobrar só de Jair Bolsonaro, de seus filhos bandidos, de seus amigos milicianos e de seus militares fascistas dispostos a tudo para encher as burras de dinheiro vacinado, e que reagem a qualquer acusação como se fossem membros de um diretório estudantil, sem o mínimo de equilíbrio e querendo esconder a sujeira à base de intimidação. Fala sério!

Já a Michelle Bolsonaro, no cheque da rachadinha depositado por Queiroz, teve o crime minimizado pela mídia, mas, agora comprova a máxima “Quem prevarica no pouco, prevarica no muito”.

Mas, como disse anteriormente, também são culpados, além dos já citados, os 57,5 milhões de racistas, homofóbicos, preconceituosos, feminicidas, xenófobos, machistas, misóginos e tudo que se possa pensar de ruim que existe nos seres humanos que habitavam no submundo de uma sociedade que se pensava que não existia, mas que existe e persiste.

A disputa plebiscitária de 2022 não é uma polarização entre Lula e Bolsonaro. É uma disputa de um projeto de sociedade calcada na igualdade, na liberdade e na fraternidade, contra a barbárie.

Querem uma prova? Quando a presidenta Dilma Rousseff se internou para tratar de linfomas, o deputado federal Jair Bolsonaro desejou a sua morte, por câncer ou infarto. Quando a presidenta Dilma Rousseff soube da internação de Jair Bolsonaro, desejou plena recuperação. Precisa desenhar?

Para piorar ainda mais o quadro, há suspeitas de que Bolsonaro está usando uma forte encenação para se vitimizar e desviar as atenções das denúncias de corrupção que recaem sobre ele e o governo na CPI da Covid-19.

[*] É sindicalista aposentado e militante político. 

 

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