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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Bairrismo ou estratégia? Parlamentares focam projetos em currais eleitorais
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Sílvia: 11 Indicações voltadas pra Socorro em um único dia

Não é à toa que se convencionou chamar alguns locais onde determinados candidatos são mais votados de “currais eleitorais”. A maioria deles os tem. E isso é natural. No entanto, ao se eleger, é, no mínimo, questionável, que se governe apenas para as pessoas que moram nesses currais.

A deputada estadual Sílvia Fontes, por exemplo, em um único dia na Assembleia Legislativa – Alese – teve 11 indicações aprovadas. Todas as 11 eram voltadas para o município de Nossa Senhora do Socorro. E o que pode ser muito benéfico para o município, pode ser devastador para as demais cidades do Estado, que, embora sejam poucas, já não são representadas naquela Casa Legislativa.

Ora, será que a nobre deputada esqueceu de que foi eleita para deputada estadual e não para vereadora ou prefeita de Socorro? E para que não pareça implicância da Coluna com Sílvia – longe disso –, aqui vai outro exemplo: o colega dela, deputado Jairo Santana, PRB.

Ele também apresentou diversas Indicações que estabelecem melhorias para os municípios do sertão sergipano, que representam seu maior eleitorado. Entre elas, Indicações que pedem acessibilidade para pessoas com deficiência, construção de um centro de assistência, pavimentação de ruas, etc.

É claro que esses são apenas dois exemplos e que, de uma forma ou de outra, todos os eleitos acabam beneficiando de forma mais significativa os locais e pessoas que os elegeram. O problema é quando isso acontece de forma única, quando apenas as cidades ou regiões que lhes renderam votos são beneficiadas.

Porque aí, o parlamentar pode até manter os votos que teve, mas deixa de conquistar outros. Sem falar que ele mostra que sua única motivação ao se candidatar foi o de se manter no poder e não o de realizar todas aquelas promessas de melhorar a vida do povo, de salvar o Estado, o planeta e tudo mais.

Priorizar, totalmente, as regiões que lhe renderam votos acaba sendo uma faca de dois gumes, ou seja, pode ter o efeito contrário ao esperado, inclusive prejudicando-os. “Uma faca que corta para os dois lados pode ser prática, mas pode nos confundir e nos cortar”, diz a definição.

A solução? Talvez – longe desta Coluna querer ditar ou impor algo – seja o equilíbrio. Tentar conhecer, também, a realidade de todo o Estado, que até pode ser comum à do “curral eleitoral” e, assim, pensar em políticas públicas e ações que as beneficiem também.

Como gostamos de exemplos, um dos que conseguem, de certa forma, fazer esse contraponto é o também deputado Georgeo Passos, PTC, que, embora tenha âncora numa cidade do Interior, parece entender que está na Alese como representante de todas as outras 74.

Natural de Ribeirópolis, onde seu pai, Antônio Passos, é prefeito, Georgeo ocupa o plenário para diversos fins e não se atém exclusivamente a Ribeirópolis. Assim como ele, outros deputados também têm seu “curral eleitoral”, mas não colocam os interesses deles de forma exclusiva. Até porque Sergipe não é tão grande assim e dá para tentar pensar em projetos que o contemplem de forma geral. Nisso reside a arte da política. Ou deveria.

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