Aparte
Opinião - Para palpitar sobre o PT, tem que estudar

[*] Rômulo Rodrigues

O Partido dos Trabalhadores estará completando 42 anos de existência no próximo dia 10 de fevereiro e sua importância nos mais diversos aspectos do desenvolvimento do país pode ser medida pela atenção dada por jornalistas, analistas e cientistas políticos, que não o tiram da cabeça, de jeito nenhum.

Quem acompanha de dentro toda a trajetória, tem também suas certezas - cientista político que nunca disputou eleição, economista que nunca frequentou feira livre e analista do PT que nunca participou de uma reunião de núcleo de base ou de categoria profissional, reunião de encontros municipais e estaduais, deveriam estudar o PT antes de deitar falação à base da Maria vai com as outras.
Esses são unânimes em diagnosticar como anomalias as eternas divergências e acaloradas discussões internas e daí tiram conclusões de cadernetas, como a de que o que atrapalha o PT são as tendências, denunciando-se como advogados do partido único e uno, sem respeitar as pluralidades dos grupos sociais.
A formação do PT começou dentro da luta de classes, para construir uma Central Única dos Trabalhadores e se concretizou quase quatro anos antes, devido as contradições inerentes ao movimento sindical da época.
E a quase totalidade das divergências políticas e ideológicas para romper com o velho modelo sindical, vieram para dentro do PT, naturalmente.
No vasto campo ideológico onde foram semeadas muitas posições de esquerda, também brotaram as centristas de oportunidade, que diziam que a criação de um partido de massas, dos trabalhadores, era invenção do general Golbery do Couto e Silva e atendia aos interesses eleitorais de Paulo Salim Maluf.
Não foi isso que o Brasil viu nesses 42 anos em que o PT viveu grandes momentos de dificuldades e soube mostrar sua resiliência e quem tiver apreço pela história vai saber que o partido elegeu sua primeira bancada federal em 1982, com oito deputados, expulsou metade em 1985 por ter ido ao colégio eleitoral que elegeu indiretamente Tancredo Neves presidente da República, foi escrachado e dado como morto, mas foi crescendo nos pleitos seguintes e chegou a eleger 92 deputados federais em 2002, elegeu bancadas de senadores, prefeitos e governadores, ganhou quatro eleições seguidas para presidente da República e sofreu um golpe de estado quando o país alcançara os maiores índices de tudo e ganharia a quinta eleição.
Entre tudo que o PT produziu, há que se destacar o maior quadro político da história do Brasil e um dos maiores líderes mundiais.
Vejamos o que ele profetizou, numa conversa com FHC no final de 2002, há 20 anos, e está numa entrevista ao repórter Fabiano Souza da Revista Piauí, dada por FHC: “Num encontro que tiveram a sós, Lula especulou sobre o futuro de FHC, após mencionar a morte de Mário Covas, e disse que, o ainda presidente, só tinha dois caminhos a seguir”.
Ou você vai ficar como o Clinton, dando palestras ou entrar na briga do PSDB, e complementou: o Serra não passa no conjunto do Brasil e o Aécio não passa de um fogo de palha. O melhor nome que vocês têm é Geraldo Alckmin, e ainda fez o alerta de que o PSDB poderá desparecer do mapa.
O que está na entrevista de FHC não foi dito ontem nem anteontem. Foi no final de 2002 e tem quase 20 anos. Entenderam porque um partido que enfrenta uma campanha difamatória desde o nascedouro mantém 28% da preferência dos votantes não pode ser analisado de forma aleatória?

[*] É sindicalista aposentado e militante político.
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