Aparte
Opinião - Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo

[*] Rômulo Rodrigues 

Segunda feira, 16 de agosto de 2021, já sob o impacto da derrota do Distritão e a expectativa da volta das coligações partidárias proporcionais para deputados, com a volta ao passado da Lei 9504/97, em que só elegerá parlamentar quem conquistar o quociente eleitoral e, por conseguinte, coeficiente partidário para as disputas nas médias partidárias ou de coligações; enterrando a reforminha de 2017, que deu um mandato de deputado federal para uma coligação que não atingiu o quociente eleitoral; o bom entendedor percebeu nas entrelinhas da solenidade que houve um pré-lançamento da pré-candidatura do prefeito Edvaldo Nogueira ao cargo de governador do Estado de Sergipe para 2022.

O estalo na cabeça do curioso das coisas da política foi na metodologia e quem acompanhou o processo para a indicação do deputado federal Valadares Filho para disputar o cargo de Edvaldo Nogueira, e a consequente fritura de Rogério Carvalho, em 2012, encontrará muita semelhança que vai além da coincidência.

No momento, já é possível dizer que existem dois pré-candidatos no grupo político que se costuma identificar como base de sustentação do Governo do Estado de Sergipe e, com bastante desenvoltura, um terceiro correndo por fora hasteando a bandeira do bolsonarismo.

O grupo tem uma trajetória de caminhada que começou em 1994 quando juntou, numa aliança conjuntural, partidos e personalidades de posições ideológicas equidistantes como o senador Francisco Rollemberg e o ex-governador Antônio Carlos Valadares ao bloco progressista das esquerdas, tendo o ex-prefeito de Aracaju Jackson Barreto como candidato a governador; Valadares e José Eduardo para o Senado e Marcelo Deda como deputado federal, numa disputa que, mesmo indo ao segundo turno contra Albano Franco, só Jackson Barreto perdeu.

Em 1998, a aliança que era de conveniência rachou, quando deram um drible da vaca em Jackson Barreto, não deixando que fosse o candidato natural ao Governo, e tomou uma surra na disputa com Albano Franco - e João Alves disputando o segundo turno, vencido por Albano.

O grande vencedor foi Marcelo Deda que explodiu de votos que consolidou o brilho do orgulho de ser sergipano e se tornou um novo rei nas terras de Serigy.

Sempre ao sabor dos que compram votos para alterarem as leis a serviço de quem paga suas campanhas, os sabidos jogam todas as narrativas para as disputas majoritárias e fazem o povo acreditar que votar em deputados federais faz parte do jogo do tanto faz.

Quem quiser que se engane, mas a jogada do senador Alessandro Vieira, com a delegada Danielle Garcia, não foi cartada de amadores, afinal, bom jogador conhece o jogo pela regra.

Subjetivamente, dá para ver que os dois agiram de olho gordo no aumento considerável do Fundo Eleitoral Partidário, que prevê para 2022 uma dotação de R$ 11,1 milhões por deputado federal eleito em 2018.

A sacada dos dois não tem nada de condenável, ambos eram de um partido que elegeu oito deputados federais e ela foi para outro que elegeu 11; com R$ 33,3 milhões a mais.

Vão disputar as eleições de 2022 com possibilidades, caso façam coligação, de um caixa mais robusto de financiamento público de campanhas, sem precisarem do nefasto financiamento privado.

Fiquei feliz ao saber que Lula chamou atenção para  uma bancada mais substancial para o próximo Congresso Nacional, coisa que já defendo há algum tempo, e alertou que é estratégico para o PT.

É ai que destaco a sábia ausência na solenidade de quem sabe que terá mandato garantido em qualquer resultado da mexida na Lei 9504/97, já bastante reformada.

Se passasse o escandaloso Distritão, seria eleito; o trabalho seria escolher o distrito de sua preferência.

Se voltarem à coligação com quociente partidário e média eleitoral será cabeça de chapa de qualquer coligação.

Se o Senado barrar as coligações conforme a reforminha de 2017, será eleito encabeçando uma chapa bem montada, no partido de sua escolha.

De todo jeito, será o coroamento de quem está na vanguarda da história política de Sergipe desde a década de1 970. Ele mesmo, Jackson Barreto.

[*] É sindicalista aposentado e militante político.

 

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