Aparte
Opinião - Jorge Prado Leite: exemplo para sucessivas gerações

[*] Igor Salmeron

Nesse último dia 19 de 2021 uma briosa personalidade que marca de maneira indelével o Estado de Sergipe completou seus 95 anos de muitas lutas e glórias.

Nascido na mítica Avenida Ivo do Prado em Aracaju, Jorge Leite estreava nos palcos da vida no ano de 1926, descendente de uma poderosa família que remonta os primeiros registros históricos ao ano 1258.

O honorífico sobrenome Leite nos leva ao nome de Pedro Leite Guimarães, abastado proprietário de terras localizadas na região do Minho, no norte de Portugal. Alguns dos descendentes aportaram no Brasil, durante o período que marcou a transmigração da Família Real, onde puderam fixar-se na então região de Sanharó, em Pernambuco.

E foi justamente de Pernambuco que passaram para outras províncias do Nordeste, inclusive Sergipe. Jorge Prado Leite é o amado filho do saudoso influente político e industrial, Júlio César Leite e de D. Carmem Prado Leite.

Ao analisar sua singular estirpe que remonta aos primeiros Leite em Sergipe, dentre os quais se destacam Francisco Ribeiro Leite, que contraiu matrimônio com D. Maria Virgínia Accioly Leite, e dentre os filhos, elencamos Augusto César Leite, Júlio César Leite (seu admirado pai) e Silvio César Leite.

Dos ilustres netos, temos Francisco Leite Neto, José Rollemberg Leite, Gonçalo Rollemberg Leite, Clara Leite de Rezende, Alfredo Rollemberg Leite, Márcio Rollemberg Leite, Maria Virgínia Leite Franco e Jorge Prado Leite.

Jorge era neto do respeitado Gonçalo Rollemberg, homem que deixou infindáveis ensinamentos no decorrer da história. Dentre os bisnetos que se destacaram em cenário sergipano, Albano do Prado Franco, Walter do Prado Franco Sobrinho e Ivan Leite, este último um dos benquistos filhos de Jorge Leite, que também trilhou exitosa carreira político-social.

Jorge Leite, personagem de olhar visionário, impávido estudou em Escola Militar no Ceará, depois foi para Minas Gerais, onde continuou seu trajeto escolar no Colégio Cataguases Leopoldinense.

Em São Paulo, depois ingressou no tradicional internato do Colégio Mackenzie. Homem de polida disciplina, serviu de maneira honrada ao Centro Preparatório de Oficiais da Reserva. Aliando critério e inteligência, Jorge Leite entrou com louvor na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, referencial centro que formou inúmeros engenheiros para o Brasil e além-fronteiras.

Seu espírito de liderança e diplomacia são atributos indiscutíveis. No tempo da Politécnica, Jorge Leite foi presidente do Grêmio da Poli, e dentre tantos notáveis feitos, podemos elencar a consolidação da Casa do Politécnico que abrigava alunos provenientes de áreas do interior e outras localidades nacionais.

Já como engenheiro civil formado, no ano de 1950 se torna hábil diretor da célebre Fábrica Santa Cruz a convite da sua devotada figura paterna. Nato empreendedor e com acúmulo de experiências durante esse tempo, em 1967 foi o responsável pela fundação da primeira estação de rádio do interior sergipano, a famigerada Rádio Esperança.

O trabalho é algo intrínseco da sua personalidade e modo de enxergar o mundo. Tanto é que foi ele quem transformou a vida econômica, humana e socioambiental de toda a região centro-sul de Sergipe.

Enfrentou causas que para muitos seriam impossíveis, e com aguerrida ousadia criou a Sulgipe, fornecedora de energia elétrica modelar na região Nordeste e no Brasil, pioneira empresa que provou a viabilidade do pensamento desbravador de Jorge Prado Leite. Afeito às causas ambientais, deixa legado de preocupação com o meio ambiente e seara ecológica com a precursora reserva da Fazenda Crasto.

A competência, a reputação, ética e intrepidez frente às antinomias político-sociais são qualidades que devemos realçar em Jorge Prado Leite. Um cara que soube enfrentar a tudo e a todos, pois como inveterado amante da natureza, da cultura, das atividades esportivas e, sobretudo, exímio incentivador da educação, costumava ser mal compreendido e vítima de perseguições. Jamais se deixou abalar, e de maneira sábia consolidou seu espólio de ações que não perece diante da fugacidade do tempo.

Conclui-se que ao falar dos 95 anos de Jorge Prado Leite, estamos tratando da própria odisseia histórico-familiar de Sergipe como um todo. As searas política e econômica em que ele esteve imerso, são basilares para entendermos o desenvolvimento sergipano.

Os seus exemplos de honestidade persistem e se solidificam com ênfase nas trajetórias exitosas dos amáveis filhos: Ivan, Marcelo e Adriana, que seguem na disciplinada linha de amor à Sergipe.

Se um homem tem apenas um destino, Jorge Prado Leite cumpriu bem seus propósitos, acreditando no poder transformador do trabalho e da educação.

Alguns podem dizer que é desígnio divino, outros que é intento aleatório. Eu acredito que seja vontade e irrefreável disposição. E vocês, caros leitores? Vida longa, Jorge Prado Leite. Perseveremos!

[*] É sociólogo, pesquisador e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe.

 

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