Na próxima quarta-feira, 26 de maio, a Acese - Associação Comercial e Empresarial de Sergipe - levantará o crachá de uma das entidades de classe mais antigas do Estado. Serão 149 anos.
O que quer e o que pode uma entidade com esse peso dos anos em prol do desenvolvimento de um Estado? Segundo o seu presidente, o empreendedor Marco Pinheiro, ela pode e tem conseguido muito.
“O cálculo que faço é de que temos conseguido uma contribuição bastante positiva. Estamos a par de todas as pautas importantes para o nosso segmento e buscamos construir um debate amplo e que traga resultados para o setor produtivo. Lógico que é um trabalho grande e que tem que ser desenvolvido diuturnamente”, diz Pinheiro.
Ainda sob seu comando, em 2022 a Acese vai cravar os 150 anos. Marco Pinheiro espera que, até lá, a trombose da pandemia de coronavírus tenha se dissipado. “Esperamos que até o próximo ano as coisas tenham voltado à normalidade”, diz ele.
E garante: “É certo que faremos uma grande comemoração, do tamanho que a Acese merece, uma vez que nos últimos dois anos isso não foi possível. Chegar a um século e meio de vida, com um trabalho reconhecido pela sociedade, é motivo de muito orgulho para todos nós. Seguramente, junto com a Diretoria e os associados, vamos planejar algo que ficará registrado na história da nossa entidade”, diz Marco Pinheiro.
É a respeito da história, dos fatos e dos feitos da Acese que Marco Pinheiro conversa com a Coluna Aparte na breve entrevista que se segue. Vale a leitura.
Aparte - São 149 anos de vida da Acese. Qual a importância desta idade e qual o extrato que se pode tirar dos feitos da instituição que a colocam em relevância histórica?
Marco Pinheiro - A Acese tem papel de destaque desde a sua criação, feita por um grupo de homens visionários. Tendo à frente o empresário português Antônio Martins de Almeida, a associação surgiu da necessidade de enfrentar as dificuldades que o setor produtivo tinha naquele momento, como a falta de uma agência de crédito, de um porto, de vias de comunicação, dentre tantas outras demandas. Ou seja, ela surge com a alma do associativismo. Eles despertaram dentro da consciência e a importância de se organizarem em torno de objetivos comuns. E assim tem sido até os dias de hoje. De lá para cá, a Acese se envolveu em pautas sensíveis ao nosso Estado.
Aparte - Quais, por exemplo?
Marco Pinheiro - Nos anos 50, agiu intensamente junto às autoridades para a instalação de uma agência do Banco do Nordeste. Na década seguinte, liderou uma campanha com setores da sociedade reivindicando a transferência da sede da RPNE da Petrobras de Alagoas para Sergipe, o que de fato ocorreu em 1969. Em atos mais recentes, podemos citar a luta contra a Lei das Placas, que traria grandes dificuldades para os comerciantes. Enfim, ao longo desses 149 anos, a Acese sempre reafirmou seu compromisso com o setor produtivo e com a sociedade sergipana como um todo.
Aparte - Este é o segundo ano contínuo que a entidade celebra aniversário envolta no cenário pandêmico. Como tem sido os desafios deste período?
Marco Pinheiro - Não tem sido fácil. O comércio sentiu fortemente os efeitos da crise provocada pelo vírus - primeiro com o período de fechamento, depois com a queda do movimento nas lojas. É uma época de grandes desafios para todos, onde de uma hora para outra surgiu a necessidade de se reinventar.
Aparte - E conseguiam?
Marco Pinheiro - Nos adequamos. Também cortando despesas e tentando maximizar as nossas ações. Mas, infelizmente, tivemos que paralisar todos os projetos e eventos que tínhamos em nossos planos. Contudo, podemos destacar que o trabalho tem sido feito a contento. Dialogamos com o poder público e entidades parceiras de forma a buscar soluções que ajudassem os empreendedores neste momento. Com o comércio fechado por mais de 100 dias em 2020, foi bastante difícil para alguns empreendedores manterem seus negócios. Muitos estabelecimentos simplesmente não sobreviveram -empresas que levaram uma vida inteira para ser erguidas tiveram que fechar as portas definitivamente. E a nossa bandeira agora é a defesa da vida, mas também dos empregos que essas empresas geram.
Aparte - E de que forma a Acese tem cooperado para alentar o calvário dos comerciantes? Foram feitas sugestões ao Governo? Em que eles foram atendidos?
Marco Pinheiro - Em um primeiro momento, cobramos medidas de apoio. Chegamos a ter uma reunião com o governador em determinado momento para levar as demandas do nosso setor, protocolamos ofícios com sugestões, sendo que algumas delas chegaram a ser acatadas, como a prorrogação de alvarás e o parcelamento de tributos. Já sugerimos também a criação de um plano de recuperação econômica para ajudar os negócios no pós-pandemia. Estreitamos a nossa comunicação e criamos a campanha “Compre do Pequeno”, incentivando a compra com os micro e pequenos empreendedores. Orientamos sobre quais as medidas a serem adotadas no combate a pandemia, de forma a garantir o funcionamento do comércio. Fizemos lives com autoridades em vários assuntos, de forma a trazer orientações pertinentes. Com a ajuda de parceiros, no final do ano, com o objetivo de alavancar as vendas, fizemos uma grande campanha de Natal onde, pela primeira vez, sorteamos um carro zero km para uma consumidora e prêmios para as vendedoras das lojas participantes. É uma longa batalha que estamos travando e sinto que ainda há muito o que fazer. Esperamos agora o apoio de todos para que a nossa economia seja erguida novamente e que os empregos perdidos durante a pandemia possam ser recuperados.
Aparte - Qual a avaliação que o senhor faz acerca da contribuição da Acese, enquanto instituição, para a setor produtivo?
Marco Pinheiro - O cálculo que faço é de que temos conseguido uma contribuição bastante positiva. Estamos a par de todas as pautas importantes para o nosso segmento e buscamos construir um debate amplo e que traga resultados para o setor produtivo. Lógico que é um trabalho grande e que tem que ser desenvolvido diuturnamente, mas vemos os frutos desse nosso esforço. Gosto de citar o exemplo da luta contra a Lei das Placas, pois foi uma ação recente que encabeçamos e que mostra a força desse trabalho desenvolvido pela Acese. Conseguimos evitar a cobrança por parte da Prefeitura. Se não tivéssemos uma atuação determinante, com o apoio de todos, não conseguiríamos.
Aparte - Como será o sesquicentenário, uma vez que a Acese estará ainda sob o guarda-chuva da sua gestão?
Marco Pinheiro - Esperamos que até o próximo ano as coisas tenham voltado à normalidade. É certo que faremos uma grande comemoração, do tamanho que a Acese merece, uma vez que nos últimos dois anos isso não foi possível. Chegar a um século e meio de vida, com um trabalho reconhecido pela sociedade é motivo de muito orgulho para todos nós. Seguramente, junto com a Diretoria e os associados, vamos planejar algo que ficará registrado na história da nossa entidade.
Aparte - Olhando para a frente, quais os desafios que a instituição terá que defrontar no futuro?
Marco Pinheiro - Tenho comigo o compromisso de colocar a Associação Comercial em outro patamar - um estágio de modernidade e de sustentabilidade. Hoje, está em desenvolvimento um projeto de ocupação inteligente da nossa sede, um prédio histórico que completará 100 anos de construção em 2026.
Aparte - O que se pretende fazer?
Marco Pinheiro - Pretendemos revitalizar e trazer para dentro dele empresas que ofertarão serviços para os consumidores e os empresários do centro de Aracaju e região. Tornaremos a Acese cada vez mais atraente para nossos associados, que nos enxergarão não somente como uma instituição representativa de classe, mas como um lugar onde encontrará orientações e serviços que os auxiliem em seu dia a dia. Estamos terminando de fechar parceria para a instalação de um agente bancário em uma das nossas maiores salas. Lá também tem serviço de recarga do Cartão Mais Aracaju, além de consulta SPC/Serasa. Acabamos de implementar, por exemplo, a oferta de certificação digital, em parceria com a SafeWeb e CACB, onde o empresário pode adquirir seu certificado sem precisar sair de casa. São várias ações que estão em nosso planejamento para garantir a sustentabilidade da associação.
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