Aparte
Valmir de Francisquinho: “O lombo está preparado para as pancadas”

Valmir de Francisquinho: “O eleitor tem que ouvir as propostas, escolher a melhor e confiar o seu voto”

Em entrevista a uma emissora de rádio, ex-prefeito de Itabaiana garantiu que não antecipará debate eleitoral, mas que está preparado para todos os embates. Desapeado do poder municipal de Itabaiana desde o dia 1º de janeiro deste ano, o ex-prefeito Valmir de Francisquinho, PL, tem se sentido à vontade para uma cruzada de comunicação no Estado de Sergipe.

E nela, ele fala de um tudo, sem omissão e nem afetação. Nesta quinta-feira, 20, Valmir foi entrevistado pelo apresentador do programa Juventude Notícias, Aloísio Andrade, o Prefeitinho, na Juventude FM, emissora sediada em Lagarto e que é uma das pioneiras na radiodifusão comunitária sergipana.

Durante mais de uma hora, Valmir esteve à disposição do comunicador e dos ouvintes e não deixou sem resposta nenhum dos questionamentos que lhe foram feitos.

Dessa forma, foi o próprio entrevistado que antecipou o assunto mais polêmico que envolve sua trajetória política: o fato de ter ficado 14 dias detido enquanto se desenrolava uma investigação sobre supostos desvios de recursos no até então matadouro municipal de Itabaiana.

“Faço questão de, em todas as entrevistas que dou, falar sobre isso por ter minha consciência tranquila e por saber que, um dia, tudo o que aconteceu virá à tona. Fui o primeiro prefeito no Estado a reformar o matadouro respeitando a questão sanitária”, disse ele.

E aprofundou: “E a pergunta é: se quando me prenderam o custo do abate era R$ 30, porque quem assumiu a Prefeitura não reabriu, já que a procuradora naquele momento, filha da prefeita interina, disse que se reabrisse cobrando menos de R$ 94 daria prejuízo a Prefeitura? Como é isso: com R$ 30 tinha roubo, mas se cobrasse menos de R$ 94 teria prejuízo? Essa conta não fecha”, disse Valmir.

Com esse tema vindo à tona, o radialista Prefeitinho quis saber se os resultados eleitorais obtidos por Valmir em Itabaiana - eleito em 2012, reeleito em 2016 e elegendo seu aliado, Adailton Sousa, PL, em 2020 – seriam a comprovação de que a população entendeu sua prisão como sendo injusta, o ex-prefeito não quis entrar no mérito, preferindo analisar as conquistas eleitorais pelo viés administrativo.

“Os resultados eleitorais falam, pois não se tem voto se não tiver trabalho. E não é possível fazer um bom trabalho se não tiver seriedade e respeito com os recursos públicos”, destacou Valmir, lembrando que recebeu a prefeitura de Itabaiana, em 2013, das mãos da Justiça.

“Peguei Itabaiana sendo administrada pelo Poder Judiciário, pois teve intervenção. Peguei com quatro meses de salários atrasados e com R$ 33 milhões em débitos. Paguei os débitos e passei a pagar os salários dos professores entre os dias 20 e 22 e dos demais servidores no dia 30 de cada mês”, relembrou Valmir.

Em seguida, ele elencou uma série de obras que executou no município inteiro, com destaque para a infraestrutura. Cerca de mil ruas e avenidas pavimentadas nos oito anos, inclusive com o asfalto de uma usina comprada com recursos próprios em sua gestão, povoados recebendo urbanização integral, sendo todas essas ações com esgotamento sanitário, comunidades rurais com abastecimento residencial de água gratuito, além de ações que impulsionaram a economia e a geração de empregos, como pagamento em dia de todas as obrigações do município, incluindo salários dos servidores efetivos, contratados e comissionados, bem como fornecedores e prestadores de serviços compuseram a extensa lista elencada por Valmir de Francisquinho.

Quanto à Covid-19 e as ações de combate à pandemia, questionamento feito em relação a sua gestão e a todas as demais esferas administrativas, Valmir destacou que o Centro de Referência de Combate à Covid-19 de Itabaiana, aberto em maio de 2020, seguiu funcionando ao longo do ano passado e se mantém em pleno funcionamento este ano. E analisou que as disputas políticas em relação a pandemia não se traduzem em benefícios para o povo.

“Essa disputa não tem resultado para a população, pois não gera vacinas. O Governo Federal tem que comprar vacinas. E os políticos devem acabar a discussão e se concentrar na união. Deveria ser formada uma comissão envolvendo todos, inclusive o poder judiciário, para buscar as soluções. E a principal delas é a vacinação”, disse Valmir de Francisquinho, reforçando que, em termos econômicos, União, Estados e municípios devem concentrar esforços em investir corretamente para aquecer a economia. 

“Na minha opinião, todas as esferas - federal, estadual e municipal - devem atuar para salvar os empresários, o comércio, os comerciários, os trabalhadores. Se pegarmos os recursos públicos e investirmos em obras e em ação social, isso ajudará na recuperação”, disse.

Ao ser questionado sobre sua maneira de fazer e entender a política, Valmir foi direto. “Não venho aqui e em nenhuma cidade, nem mesmo na minha, utilizar as rádios para macular ninguém. Eu nunca fiz isso. Em Lagarto sempre tive um bom relacionamento com a família dos Ribeiro, com Valmir, com os Reis, enfim, com todos os agrupamentos”. 

E ao ser questionado sobre o fato de, depois de desbancar politicamente uma das forças itabaianenses, o deputado estadual Luciano Bispo, MDB, como ele via o rompimento com o grupo político do qual fazia parte anteriormente, o dos Teles de Mendonça, Valmir foi diplomático.

“Não sou de conviver com ninguém e sair falando (mal). Entendo que se a pessoa se separa, por exemplo, do marido ou da esposa, não deve sair falando da convivência amorosa. Isso vale para a relação política. Se acabou, cada um segue a sua direção e pronto. Não pensem que se consegue votos esculhambando, xingando, falando mal nem de adversários e nem de ex-aliados. O voto vem pelo reconhecimento da população. Não é o cidadão ouvir a rádio de Prefeitinho para saber qual entrevistado e de qual agrupamento vai xingar mais. O eleitor tem que ouvir as propostas, escolher a melhor e confiar o seu voto. É isso o que tenho feito em Itabaiana e as urnas têm dado a resposta, com o apoio e confiança da população”.

Ao final, respondendo ao questionamento sobre se já definiu a qual mandato concorrerá em 2022 – “Dê essa informação em primeira mão aqui na Juventude FM”, provocou Prefeitinho –, Valmir disse que não vê o ano de 2021 como momento para essa discussão. “Temos que nos concentrar, todos, com mandato ou não, como é o meu caso, mas que sigo na vida pública, em resolver a pandemia”, afirmou.

Mas como Prefeitinho insistiu sobre 2022, inclusive citando pesquisa recém publicada em que o ex-prefeito itabaianense aparece muito bem para governador, senador, deputado estadual ou federal, além de destacar reportagem da revista Realce que o coloca como a grande liderança política do interior sergipano, Valmir de Francisquinho deu o seu veredito. “Digo sempre que tudo o que Deus escreve, ninguém consegue apagar. A borracha dos seres humanos não têm o poder de apagar os desígnios de Deus. Em Itabaiana eu pedi uma oportunidade e o povo me deu. E quanto a essas referências positivas ao meu nome, destaco algo que você mesmo, Prefeitinho, analisou ao dizer que eu deveria “preparar o lombo que as pancadas vêm aí”, não foi isso? Pois é, está preparado como casco de tartaruga ou couro de jacaré. O lombo está preparado para as pancadas, as críticas e mesmo as ofensas. Sempre com proteção do Divino Espírito Santo de Deus”, disse Valmir de Francisquinho.

 

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