Aparte
Opinião - O dia da Independência não será o Armagedon

[*] Rômulo Rodrigues

Agosto,o mês das catástrofes políticas no Brasil, mês de inquérito golpista de aeroporto, de renúncia e de golpe de estado, terminou com a lembrança de cinco anos do golpe contra Dilma Rousseff e mais de 580 mil vidas perdidas para a Covid-19 por consequência de um projeto de destruição.

Agosto encerrou com a força de uma CPI que desnuda o governo mais maléfico da história da República, com a gang política e militar intensificando sua sanha destruidora, querendo transformar o dia 7 de setembro, consagrado à Independência, como dia da batalha final entre Deus e a sociedade humana iníqua e asquerosa representada por eles mesmos - militares golpistas e políticos corruptos.

O chefe deles, um ex-tenente,reformado como capitão do Exército, para não ser expulso como terrorista, encerrou o mês chegando triunfante, montado em um cavalo na cidade mineira de Uberaba e, em discurso, jogou todas suas fichas no que acha ser sua aposta final no dia 7 de setembro: “A vida se faz de desafios. Sem desafios, a vida não tem graça. As oportunidades aparecem. Nunca outra oportunidade para o povo brasileiro foi tão importante ou será mais importante quanto esse 7 de setembro”.

Numa solenidade de entrega de medalhas do mérito esportivo a medalhistas olímpicos e outros militares em 1º de setembro, o ex-tenente foi enfático ao falar como chefe da nação: “Com flores não se ganha guerra não, pessoal! Quando se fala em armamento, quem quer a paz, se prepare para a guerra!”.

O quadro político ideológico no Brasil está bem definido e não há mais, sequer, espaços para os que tentam convencer os bestas, anunciando uma terceira via como saída de neutralidade. Para eles, vale a máxima: “Neutro é xampu de bebê!”.

Para bom entendedor, o que vai valer é o ditado alemão: “Se em uma mesa qualquer estiverem sentados 10 alemães e, de repente, se senta um fascista e ninguém se levanta e vai embora, na mesa ficarão sentados 11 fascistas”.

Segundo definição de Norberto Bobbio, filósofo e cientista político, “O fascista fala o tempo todo em corrupção. Fez isso na Itália em 1922, na Alemanha em 1933 e no Brasil em 1964. Ele acusa, insulta, agride como se fosse puro e honesto. Mas, o fascista é apenas um criminoso, um sociopata que persegue carreira política. No poder, não hesita em torturar, estuprar, roubar sua carteira, sua liberdade e seus direitos”.

Há uma nitidez alarmante que no momento econômico e político no Brasil, que é a disputa entre dois projetos e somente dois, sem espaço algum para um terceiro.

De um lado, o atual projeto de destruição da economia como base de atender às necessidades do povo e da política como ferramenta mediadora das divergências, dos conflitos, das liberdades democráticas como garantidoras do desenvolvimento humano e social e da recondução do país ao protagonismo na agenda mundial e nas grandes decisões.

Do outro lado, o projeto de subordinação do Brasil aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos da América, do mercado e do grande capital, com sua agenda neoliberal de eliminação de vidas humanas, seja pela guerra, seja pelo genocídio, como meio essencial de acumulação de riquezas e conquistas de territórios.

Os números expressos nas pesquisas entre os votantes do país indicam o que ele vai dizer a partir de 8 de setembro: “Quem quer paz, renega o fascismo!”       .

[*] É ex-dirigente sindical aposentado e militante político.

 

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