Aparte
Opinião - As Olimpíadas de Tóquio e a hipocrisia que envolve o país sede da Copa América

[*] Henrique Rocha

Nada. Absolutamente nada que for anunciado pelo presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, será aceito por uma oposição carcomida por políticos ultrapassados, alguns até com processos quilométricos na justiça por práticas de crimes de desvio de recursos públicos, inclusive da saúde.

Pois bem: bastou o presidente Bolsonaro anunciar que o Brasil aceitaria sediar a Copa América, tendo em vista a recusa por alguns países vizinhos, em razão da Covid-19, para que políticos e personalidades públicas, principalmente do meio artístico global - em total síndrome de abstinência da Lei Rouanet- , se manifestassem contrariamente a aceitação por parte do governo brasileiro junto a Conmebol, organizadora desse evento esportivo.

Fazendo coro aos artistas em ostracismo, uma “plêiade” de comentaristas e jornalistas globais, responsáveis pela cobertura dos diversos campeonatos estaduais, nacionais e sul-americanos, em pleno andamento, se manifestaram absoluta e irremediavelmente contrários a realização da Copa América no Brasil.

O motivo alegado: preocupação com a saúde dos brasileiros. A verdade: a preocupação da Globo, de seus artistas, jornalistas e comentaristas esportivos é exclusivamente com sua concorrente o SBT, emissora de TV com direitos exclusivos sobre a transmissão desses jogos.

E não é necessária nem uma CPI para se chegar a esta conclusão, uma vez que centenas de jogos já foram realizados em plena pandemia, com respeito a todas as normas impostas pelas autoridades sanitárias em relação à Covid, e outros tantos jogos e competições estão ocorrendo e ocorrerão ao longo do ano, sem que a Globo se abstenha de transmitir, ou se preocupar com a saúde dos brasileiros.

A narrativa política da oposição ao Governo democraticamente eleito se desconstrói da mesma forma, pois nenhum político, absolutamente nenhum, se manifestou contrário à realização dos campeonatos estaduais, nacionais e sul-americano em plena realização dentro de nossas fronteiras. Hipocrisia.

Antes de citar a total falta de preocupação dos nossos políticos, principalmente os da CPI da Covid instalada no Senado, com os atletas brasileiros que participarão das Olimpíadas de Tóquio, entre os meses de julho e agosto deste ano, registro que assisti ao vídeo do presidente do Conselho Federal de Medicina, onde mostra sua indignação em relação à forma como os membros da CPI vem tratando as profissionais de medicina convidadas para deporem ali.

Em especial, às médicas Mayra Pinheiro e Nise Yamagushi. O médico Mauro Ribeiro diz ser inaceitável, intolerável, a forma como as médicas foram tratadas no âmbito da CPI.

Misogenia, desrespeito, total falta de educação e maus-tratos foram algumas das palavras utilizadas pelo presidente do CFM. Ele definiu ainda que a CPI é um ambiente tóxico e nada democrático.

E as Olimpíadas? Não vi a preocupação da Rede Globo, seus artistas, jornalistas e comentaristas esportivos, nem dos políticos de oposição ao presidente Bolsonaro manifestarem a preocupação com a ida dos integrantes da delegação brasileira à Tóquio.

São cerca de 1.500 pessoas, entre atletas, comissão técnica e jornalistas envolvidos na cobertura. Estes aproximadamente 1.500 brasileiros se juntarão aos mais de 10 mil atletas de 205 países, além de outros tantos profissionais de imprensa, comissões técnicas, além dos nativos, claro. Serão mais de 300 eventos realizados em 42 locais. 

Não podendo esquecer os Jogos Paralímpicos, com um total de 4,4 mil atletas esperados. Como toda essa “aglomeração Olímpica” a Globo não se manifestou contrária. Seria por causa de seus direitos de transmissão? E nossos altruístas políticos de oposição?

Voltando à Copa América, gostaria de concluir, devidamente autorizado, citando as palavras de George Gosson, presidente do Natal Convention & Visitors Bureau do Rio grande do Norte.

Se você é contra a realização de um campeonato de futebol em que todos os participantes estão vacinados, você confessa que não acredita na eficácia das vacinas.

Se você é contra a realização de um campeonato de futebol em que todos os participantes estão testados com PCR negativo, você confessa que não acredita na eficácia dos testes.

Se você é contra a realização de um campeonato de futebol sem público, você confessa que não acredita na eficácia do distanciamento social.

Se você ainda é contra a realização de um campeonato de futebol que segue rígidos protocolos sanitários definidos pelos cientistas e pelas autoridades de vigilância sanitária, você confessa que não acredita na eficácia destes protocolos.

E se você for contra a realização de um campeonato de futebol que atenda a todas as condições acima expostas, você confessa ser um negacionista.

Se você nunca foi contra a realização de qualquer um dos campeonatos de futebol em curso no Brasil, mas só é contra a realização da Copa América, você confessa ser um hipócrita.

[*] É coronel da reserva remunerada da Polícia Militar do Estado de Sergipe.

 

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