Aparte
Opinião - Governador, eu não sou mentiroso!

[*] Antonio Samarone

O governador do Estado de Sergipe, Belivaldo Chagas, usou o poder da máquina pública para me chamar de mentiroso! O que levou o governador a esse destempero? Escrevi um artigo factual sobre o Hospital de Amor, em Lagarto, afirmando que o governador, talvez por ciúmes, trabalhava nos bastidores contra a obra.

O que eu não citei no artigo anterior. O mais grave e que eu não tinha dito: o senhor suspendeu o pagamento das faturas dos serviços preventivos prestados pela Fundação Pio XII, mesmo sendo valores pequenos.

A Fundação Pio XII, que está construindo o Hospital do Amor, presta serviços preventivos contra os cânceres de mama e do útero em Lagarto desde julho de 2017. A clínica preventiva foi construída com recursos do Instituto Avon.

Somente em março de 2019, a Secretaria da Saúde assinou um contrato com a Fundação Pio XII para custear esses serviços com os valores da tabela SUS.

O Estado pagou os primeiros três meses, e o senhor mandou suspender. O Estado deve à Fundação 33 parcelas. São parcelas pequenas, de dois mil e poucos reais. Pague-as!

Disseram-me na Secretaria da Saúde que o senhor mandou rever e que vai pagar. Nada que a proximidade eleitoral não resolva. De todo jeito, mande pagar.

No dia do lançamento da pedra fundamental do Hospital de Amor, o governador estava em Simão Dias, inaugurando uma casa de repouso para os idosos. Apesar da proximidade, se esperou em vão a sua presença de autoridade.

A obra do Hospital de Amor anda a pleno vapor. Mesmo passando na porta do hospital com frequência, o governador nunca fez uma visita. É como se nada existisse. Foi isso o que eu disse e reafirmo.

Tem mais: recentemente, sem nenhum estudo, o senhor anunciou, sem muita convicção, a construção de um Hospital do Câncer em Aracaju. Um velho projeto que se arrasta há três governos, e que será requentado.
Governador, foram os fatos que me mostraram a sua má vontade com o Hospital de Amor de Lagarto. Nem inventei, nem menti.

O senhor chegou ao governo jogando os pés em quem sempre lhe ajudou. O velho senador Valadares lhe tratava como a um filho, e sofreu muito com a sua ingratidão.

O senhor fez um governo apagado e sem criatividade. Passou boa parte do tempo dizendo que o governo estava quebrado, jogando a responsabilidade nos outros.

Agora, na ânsia de eleger o sucessor, passou a dizer que vai deixar os cofres abarrotados para o próximo.
O senhor está jogando fora a única desculpa para a apatia do seu mandato. A desculpa de que não tinha dinheiro. O dinheiro apareceu agora, às vésperas das eleições?

Há poucos dias, o senhor chamou o pré-candidato Valmir de Francisquinho de irresponsável por ele ter prometido acabar com o criminoso desconto dos aposentados e retomar as carreiras dos professores e policiais. O senhor disse que Valmir iria quebrar o Estado.

Com fins eleitoreiros, o senhor acaba de anunciar que vai mandar um projeto de lei para ressarcir o que foi saqueado dos aposentados. O que mudou? Aproveite e mande junto o projeto dos professores e dos policiais.

Governador, cuide da sua biografia. Felizmente, governador, os que irão escrever a história de Sergipe nessa triste era não lhes devem a cabeça.

Reafirmo respeitosamente: governador, eu não sou mentiroso e o senhor vem boicotando a construção do Hospital de Amor, em Lagarto.

[*] É médico sanitarista.

 

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