Aparte
Opinião - O rebuliço eleitoral já começou

[*] Rômulo Rodrigues

Encerrado o prazo para as convenções partidárias, dá para ver que as dificuldades nas arrumações superam as de tempos idos.

Vamos começar pela federação e coligação encabeçadas pelo PT, de longe e com folga o maior partido do Brasil e de Sergipe.

Ah, não vamos cair no simplismo raso de dizer que tem partido maior por causa do número de prefeitos, vice- prefeitos, vereadores e deputados - até porque não são esses os verdadeiros parâmetros.

Um bom parâmetro real para medir o tamanho de um partido é pela régua da história, começando pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B -, que acaba de comemorar 100 anos de lutas renhidas e pode dizer que viver é lutar - lutando a custa de vidas heroicas, sangue, suor e lágrimas, pela democracia e soberania nacional, que afinal, possibilitou a existência de todas estas siglas de aluguel.

Outro parâmetro é o PT que, com suas contradições, há 42 anos se firma como o maior do Brasil, um dos maiores da América Latina e é referência no mundo inteiro.

Sua marca registrada é ser um partido da classe trabalhadora, que defende com firmeza a soberania nacional, luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora e dos setores excluídos da sociedade e é paradigma para identificar quem defende as causas justas e logo é acusado de ser petista.

No momento, comandando um grupo mais amplo que uma federação, sai na frente por ter uma chapa majoritária inteira e unida, onde não há discrepância e nem efeito causado por freio de arrumação de última hora, onde o jogo jogado pode ser dama ou xadrez e não uma rifa daquelas em que há a desconfiança de quem vende o bilhete não entregue o prêmio.

De cara, tem uma coligação majoritária de pesos pesados que dá a impressão de já ter um perdedor que, pasmem! tinha tudo para ser o maior vencedor da eleição, se na sua liga de materiais diversos se apresentasse como um eletrodo composto pela confiabilidade capaz de soldar os diferentes materiais metálicos.

Voltando ao PT. Eis o grande enigma para desvendar na eleição e dar respostas aos filiados e militantes que sempre desfraldaram sua bandeira nas ruas e praças do país: o porquê do partido entrar na eleição com um senador e um deputado federal, eleger o governador e ficar sem senador, embora eleja um aliado de confiança, e ficar sem deputado federal?

O sintoma mais evidente da fraqueza está na formação de uma chapa para deputados federais que demonstra a inobservância de uma tradição que é a sua marca registrada, a discussão de uma tática eleitoral.
Parece haver uma mudança significativa; as antigas tendências partidárias que já chegaram a discutir uma entrevista de Lula na Folha de S. Paulo aparentam ter dado lugar a sesmarias.

Peço, antecipadamente desculpas se provocar desconforto em bravos companheiros, mas é um sentimento de quem escreveu capítulos importantes dessa história e hoje, quando passa pela frente da sede, sente o impulso de cantar a música Cidadão de Zé Geraldo: “Tá vendo aquele edifício moço? Ajudei a levantar; foi um tempo de aflição, eram quatro condução, duas pra ir, duas pra voltar. Hoje depois dele pronto, olho pra cima e fico tonto; mas me vem um cidadão...”, e eu deixo pra lá.

Como sou teimoso e nostálgico, logo me agarro em Guilherme Arantes e canto com emoção. “Amanhã será um lindo dia da mais louca alegria, que se possa imaginar; amanhã, mesmo que uns não queiram, será de outros que esperam um novo dia raiar!”.

[*] É sindicalista aposentado e militante político.