Aparte
Opinião - A olimpíada eleitoral já começou. Mas faltam as regras

[*] Rômulo Rodrigues

Em tempos de pandemia, com números de mortes inadmissíveis em que um governo central militarizado e genocida fugiu das suas responsabilidades para culpar os governos estaduais e prefeitos em geral, analistas políticos e políticos apressados fazem encenações pontuais de esquetes de óperas bufas, em tragicomédias em que as cenas variam de choros e lamentações pelas vidas e ao luto, feitos carpideiras.

Tudo isso, consequência de um genocídio. Até porque, as ações e armações apressadas deixam marcas de oportunismo em deflagrar uma competição cujas regras ainda não estão definidas.

Mesmo assim, como é da essência da ocupação dos espaços políticos que, de acordo com a compreensão de todos, não é recomendável deixá-los vazios, que vem outros e ocupam.

Foi talvez pensando nisso que a delegada Danielle Garcia deixou seu espaço no Cidadania e foi para o Podemos, com pompas e circunstâncias de quem chegou chegando, ignorando um deputado estadual, líder do Governo do Estado e presidente do partido, deixando claro que quem traça o baralho e dá as cartas é elazinha, sim senhora.

A saída da ex-candidata à Prefeitura de Aracaju do Cidadania para se instalar no Podemos só é compreensível se for dentro de uma estratégia muito bem montada.

Começando pela bancada eleita em 2018 para a Câmara dos Deputados, o Podemos leva uma vantagem de 11 eleitos contra 8 do PPS, hoje Cidadania, que dá uma boa diferença de Fundo Partidário Eleitoral.

Porém, tem um fato político em construção que pode ter sido o motivo real e que está sendo pouco noticiado. É que o ex-juiz Sergio Moro está em franca atividade para ser o tão sonhado candidato da terceira via pelo Podemos e aí a candidatura de Danielle Garcia a deputada federal poderá assumir a condição de prioritária com bom aporte do fundo.

A outra saída do Cidadania, desta vez para o PSB, com o propósito de ser candidato a deputado federal, é a do Dr. Emerson Ferreira, que trocou um partido de 8 deputados federais eleitos em 2018 por um que elegeu 32. Ou seja, verba de Fundo Partidário multiplicada por quatro.

Em linhas gerais, são movimentações feitas em dois segmentos da oposição ao Governo do Estado que poderão andar juntos. Ou não.

À primeira vista, quem sai enfraquecido é o senador Alessandro Vieira, que dá sinais de querer disputar a eleição para o mandato de governador.

Corretíssimo para quem exerce um mandato de senador e tem uma destacada exibição na mídia nacional em uma CPI que está pautando a conjuntura política do país.

Arriscado para quem foi eleito como azarão num pleito surreal que pelo inusitado não se repetirá, ainda mais que eleição de dois votos não costuma ser sinônimo de vida longa na política, e os exemplos estão aí.

Com uma trajetória de solidez que remota à eleição de 1994, a aliança que governa o Estado de Sergipe e a capital Aracaju ostenta duas faces de uma mesma moeda, quase com a semelhança de cara e coroa.

De um lado, aliados raízes que se consolidam no convívio político com diferenças e divergências naturais dos que militam em partidos que disputam o poder, e sabem o que é aliança de convivência, e sabem o que pode ser caminhar separados e atacar em bloco.

Do outro, os que só entendem o que é aliança de conveniência, que para sobreviver, trazem na bagagem um pacote de maldades contra a classe trabalhadora em defesa dos seus interesses empresariais.

É aí que habita o deputado federal Laércio Oliveira, do Centrão, se viu todo encalacrado para defender o Centrão fardado que priorizou a propina em detrimento da vacina e adota o estilo deixa que eu chuto e ataca o PT, mais forte partido aliado do governador Belivaldo Chagas, para se precipitar lançando seu nome como candidato ao governo estadual.

Não devia tentar se fazer de grão-duque provinciano e querer implodir uma sólida aliança política que vai sobreviver à hecatombe do governo mais corrupto da história do Brasil, ao qual ele pertence como peão do Centrão.

Para quem se acha líder de um partido pertencente ao grupo governamental, causar problema para o governador tem outro nome.

[*] É sindicalista aposentado e militante político. 

 

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