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A TV Sergipe e o direito de não ser mineira

TV Sergipe: que fique em Sergipe

Desde que o empresário Albano Franco começou a negociar com o empresário mineiro Rogério Simões a venda dos seus 50% de participação na TV Sergipe, uma série de comentários de desconforto tomou conta do mercado.

Um desses comentários dizia que a venda estava sendo embargada por Lourdes Franco, a dona dos outros 50%, em virtude de discordar do modelo de gestão que Rogério Simões adotaria se passasse a ser dono da outra parte da TV.

O modelo de gestão apontava para a retirada pela cepa da TV Sergipe dos limites de Sergipe, levando-a para bem longe, onde desenvolver-se-ia a sua administração e outras decisões, deixando o Estado apenas como um apêndice provedor de conteúdos decididos lá das terras alterosas do Brasil.

Na verdade, esse modelo nunca foi tratado de público por nenhuma das três partes envolvidas - Albano, Lourdes e o ex-futuro novo dono Rogério. Mas o que se dizia na praça era que Lourdes, feito uma leoa frente à sua cria, entesara. Não aceitava que fosse assim.

Se ela se portou desse modo, portou-se bem. Porque, mesmo sem bairrismos afetados, Sergipe não merece mais um golpe de esvaziamento de suas instituições. E a TV Sergipe é, sim, uma instituição da sergipanidade - assim como a TV Atalaia, você goste ou não delas, leitor.

Mesmo que a matriz Globo lhe passe um garrote constante, lhe engesse, lhe subtraia direitos e prerrogativas de programação, a TV do Morro da TV é uma instituição de quase 50 anos de serviço dos sergipanos. E, portanto, conquistou e merece respeito.

Certamente, Lourdes e sua filha Carolina estão preparadas para mantê-la num patamar de fazê-la servir bem mais a Sergipe. Portanto, quando elas exerceram um direito de preferência, o fizeram em nome de Sergipe. Não quereríamos, sim, uma TV Sergipe à mineira.