Aparte
Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Machado refuta abuso com CCs: “As pessoas que indiquei eram donas de seus salários”
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José Carlos Machado: projeto político está de pé

Para alguns analistas da política e, sobretudo, para cidadãos comuns, o homem público José Carlos Machado, PSDB, teria entrado num extremo labirinto de complicações, numa encruzilhada tenebrosa, ao ser convocado para depoimento este mês pela Operação da Anti-Desmonte.

Esta operação foi deflagrada pelo Ministério Público Estadual desde o final de 2016, quando João Alves, de quem Machado foi vice, estava se preparando para deixar a Prefeitura de Aracaju. A Operação investiga abusos com estranhas nomeações de gente para cargos em comissões na esfera da Prefeitura e foi a mesma que gerou a prisão de Ana Alves. Para o Gabinete do então vice-prefeito José Carlos Machado teriam sido nomeadas 82 pessoas.

Ao ser convocado pelo MPE para depor - simplesmente para depor -, José Carlos Machado pagou o preço alto de passar à opinião pública a imagem de quem já fosse um culpado. Para os mais apressados, morreu ali o seu projeto de tentar voltar a ser deputado federal em 2018, numa retomada que ele vem progressivamente programando.

Mas mesmo que as coisas ainda estejam em fase de inquérito, há na opinião pública a impressão de que Machado se locupletou das nomeações. De que nomeara “gente estranha” e ficara com os dividendos gerados por estas nomeações. José Carlos Machado, obviamente, faz uma leitura extremamente oposta a tudo isso.

Aliás, ele não se dá por culpado pelas nomeações, não entrega o corpo ao chão, não tira de cena o projeto eleitoral para 2018 e muito menos assume que tenha ficado com qualquer centavo de algum dos 82 nomeados. “Tenho que avaliar direito tudo”, diz.

“A Justiça está em recesso, volta dia 8 de janeiro e vamos ver como fica. Sei que é preciso avaliar tudo muito bem. A partir do dia 8 vou me concentrar nesse problema. Mas não me assumo como um renunciante e nem culpado. Eu mantenho o projeto de candidatura para 2018, sim”, disse ele a esta coluna Aparte.

“Todas as pessoas que indiquei tinham conhecimento da indisponibilidade do espaço físico para atuar. Quanto aos vencimentos delas, é óbvio que pertenciam a elas. E duvido que alguém tenha sequer insinuado que esses vencimentos ou parte deles ficariam para mim, pois não compactuo com esse tipo de coisa. Isso não acontecia de hipótese alguma. Estou completamente tranquilo quanto a isso. Eu apenas as indiquei em parte. Elas eram donas de seus salários. Longe de mim imaginar uma coisa dessas”, diz o ex-vice-prefeito.

Na análise feita pelo próprio José Carlos Machado, durante 46 dos 48 meses do mandato de João Alves o Gabinete de Vice-Prefeito não teve mais autonomia administrativa, o que cabia à Secretaria de Governo - graças a uma lei que reformulou aspectos administrativos da Prefeitura.

“Essa questão de responsabilidade fica a cargo da lei, pois quando o prefeito assumiu encaminhou um Projeto de Lei reformulando a parte administrativa da Prefeitura. A Lei 119, sancionada em 6 de fevereiro, esclarece tudo: o problema é a interpretação dessa lei”, diz ele.

“Ela define todo o novo quadro administrativo e financeiro, e esse novo quadro passou a vigorar em 6 de fevereiro de 2013, até quando fui responsável e ordenador de despesas. Depois disso, não mais. Minhas contas do período, ou seja, até 6 de fevereiro de 2013, foram encaminhadas e aprovadas pelo Tribunal de Contas”, reitera Machado.

“O fato é que há três denúncias e estou me preparando para a defesa delas. Das 82 pessoas nomeadas, algumas indicações foram feitas por mim, sim, mas não me vejo no papel, enquanto agente político, de fiscalizar frequência de pessoas, já que não era mais responsável ou ordenador. Não era obrigação minha. Não me sinto responsável pela fiscalização da frequência depois da lei 119/2013, porque a Vice-Prefeitura, que era um órgão da administração, foi extinta com essa lei”, informa Machado.

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