Aparte
Opinião - Ausência de Edivan Amorim no contexto político poderá deixar alguns sem rumo e sem barco

[*] Misael Dantas

Razões há para o comportamento adotado por ele e relatado na matéria “Edivan Amorim diz que não quer morrer solitário como João Alves e fecha conta das atividades políticas”, publicada por esta Coluna Aparte no último dia 9 deste mês de abril.

Ali, Edivan Amorim faz um manifesto mais do que apropriado: “Em Sergipe, as coisas são assim: as que faço, ninguém divulga, e as que eu não faço, me atribuem”.

Encaixa, perfeitamente, na sua trajetória política. Entre 2006 a 2018, na sala da Casa Amarela, na Rua Estância, Edivan Amorim - ou simplesmente Amorim -, ajudou a estruturar, a fortalecer e a decidir a vida político-partidário-eleitoral de muita gente.

Em 2006, sob a batuta dele, o então médico Eduardo Amorim, seu irmão, foi eleito deputado federal com expressiva votação. Mais de 100 mil votos. Algo antes só visto em 1982, quando Augusto Franco foi também eleito deputado federal.

Mas a eleição de 2006 não resumiu só na vitória de Eduardo Amorim. Naquele pleito, o grupo fecundou muitos nomes no cenário eleitoral de Sergipe. Alguns foram eleitos deputados e vários outros criaram corpo político para as próximas eleições.

A Casa Amarela passou a ser mais frequentada do que o Palácio Adélia Franco. Em 2008, eleições municipais, inúmeras articulações, arrumações com resultados favoráveis nasceram nas salas do segundo piso daquela casa. Sempre ao som dos estúdios da Ilha FM e com a regência de Edivan Amorim.

O que ele acertava cumpria. Se quisesse estar no grupo, que cumprisse o acertado também. Amorim sempre foi muito direto, positivo e de palavra sustentada, independentemente do resultado eleitoral.

Em 2010, quando seu irmão deixou a Câmara Federal para ir pro Senado, com mais de 620 mil votos - mais do que o governador eleito -, Edivan Amorim mais uma vez foi o mentor do processo.

Mas daquela vez, não só do seu grupo, mas do outro grupo que se agregara ao seu para ter a possibilidade de ganhar aquela eleição do Governo do Estado. Isso mesmo: Edivan Amorim foi convocado várias vezes pra dizer qual seria o mecanismo mais viável pra fazer o governador e os dois senadores.
Ele, com sua habilidade, simplicidade e agilidade, se debruçou sobre o projeto e colaborou muito para aquela vitória governamental e, por extensão, de deputados federais e estaduais.

Insta enfatizar que Edivan Amorim não se limitou apenas às margens de Sergipe no seu jeito de contribuir na vida político-eleitoral de muitos. Os alcances foram bem mais amplos.

Nas eleições de 2014 e 2018, quando o grupo almejava a cadeira maior do Estado, que não conseguiu por fatos e atos que requerem muito mais espaço pro debate, Edivan Amorim se manteve como sempre: erguido e disposto a fortalecer o grupo.

Frise-se que em 2018 ele ficou mais analítico do que ativo. O vivido põe em alerta o que se pretende viver. Com essa breve análise, tem-se que Edivan Amorim, sem nunca ter pleiteado um espaço eleitoral, carrega no seu currículo o registro de ter colaborado muito pra graduar o currículo de muita gente.

Com sua fala leve e oportuna, ajudou, por força das arrumações político-partidárias que orquestrou, para resultados favoráveis de prefeitos, vices, vereadores, deputados.

A ausência de Edivan Amorim no contexto político-eleitoral de Sergipe poderá deixar alguns sem rumo, sem saber aonde vão aportar o barco.

Sem permissão para adentrar ao tema, um ponto precisa ser analisado: o calvário que Edivan Amorim suportou em defesa de nomes e de projetos de grupo! Por isso, espaço há pra a autoanálise e posicionamento dele feitos nesta coluna.

[*] É professor, advogado e vereador de Estância, e está presidente do Poder Legislativo estanciano.

 

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