
[*] Ronildo Almeida
Uma análise mais profunda do questionamento proposto acima aponta caminhos para o fortalecimento da classe trabalhadora, como força social indispensável ao processo histórico evolutivo, e para a consolidação da democracia brasileira, abalada por recentes episódios com vieses autoritários.
Para início do debate, é fundamental destacar que são os trabalhadores e as trabalhadoras que geram e movimentam a economia do país, e, portanto, são peça-chave num sistema que se sustenta pela exploração da força de trabalho pelos capitalistas.
A ordem social atual se mantém inabalável nessa desigual relação entre patronato e trabalhador, capital x trabalho. Maioria nessa equação - e minoria quando se trata de avanços econômicos e sociais - os trabalhadores brasileiros passam por um dos piores momentos da história. Direitos e conquistas da classe trabalhadora são retirados “à toque de caixa e repique de sino”.
A cada dia se aprofunda o desrespeito às práticas democráticas e, principalmente, àqueles que, com a força do trabalho, constroem esta nação. A insegurança, a fragilidade e a usurpação de direitos e de condições de vida de cada brasileiro e brasileira estão no nosso dia a dia.
O Governo de Jair Bolsonaro ignora, em total apoio aos interesses do setor patronal, o valor da classe trabalhadora e o seu papel fundamental na sociedade, especialmente neste momento de pandemia, o que é vergonhoso. Mas que isso, é desumano.
Depois do golpe que retirou uma presidente eleita pelo voto popular, intensificou-se a ofensiva contra os trabalhadores - precarização do trabalho, reforma da Previdência, reforma trabalhista, desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. A carestia voltou, com aumento dos alimentos, do gás de cozinha, da gasolina, do óleo diesel. A fome é de novo uma triste realidade no país.
Enquanto isso, os patrões e as elites aumentam, com o nosso trabalho, o lucro e as riquezas. E o governo Bolsonaro atua para defender os interesses de apenas um lado: o do patronato.
É vergonhoso o que acontece em decisões políticas, nas quais nós, trabalhadores, ficamos à margem, quilômetros de distância dos debates pertinentes às nossas vidas. É urgente a nossa insurreição. Precisamos ter voz nos processos de debates e definições. Temos que sair do papel de apenas eleitor e massa de manobra nas mãos de políticos inescrupulosos, eleitos muitas vezes pelas nossas fragilidades.
Nós, trabalhadores e trabalhadoras, somos a grande maioria no processo democrático que se decide por meio do voto. As discussões e decisões, portanto, devem ser fundamentadas em princípios e necessidades da classe trabalhadora. Precisamos assumir o protagonismo nas definições política-eleitorais, nos fazendo representar politicamente em todas as esferas.
A política não pode ter a cara da miséria, da fome, da enganação, do desemprego, da retirada de direitos, da desestabilidade da economia, da falta de condições de sobrevivência dos trabalhadores e dos mais pobres.
É inaceitável o que estamos vivendo. O que nos sobra são dificuldades, miséria, fome e uma total falta de interesse governamental em buscar solucionar os problemas, resgatando a dignidade e o respeito para todos e todas.
Temos que ter consciência que o projeto de valorização do coletivo passa primeiro pelo nosso discernimento na hora da definição de um projeto político que não seja voltado para as vaidades pessoais, para a representação dos grandes exploradores capitalistas, que massacram, humilham e nos descartam como objetos, sem vida.
É importante a nossa consciência política para entendermos que estamos diante de uma luta de classes. A partir daí poderemos mudar a história e, consequentemente, as nossas vidas. A decisão está nas nossas mãos – e requer urgência. Vamos à luta.
[*] É presidente da Federação dos Empregados no Comércio e Serviços do Estado de Sergipe – Fecomse - e da União Geral dos Trabalhadores em Sergipe – UGT-SE.
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