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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Sindicatos ainda são território dominado por homens, e Ivonete Cruz é exceção da regra 
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Ivonete: “precisamos ocupar espaço e sermos respeitadas na ocupação desse espaço”

Ivonete Alves Cruz Almeida, 54 anos, licenciada em História pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduada em História Econômica do Brasil pela Universo - Unidade do Rio de Janeiro, professora pela rede estadual, é uma das poucas mulheres a estar a frente de um Sindicato. 

Ivonete está no segundo mandato como presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação Básica do Estado de Sergipe - Sintese -, alem de integrar a direção executiva nacional da Central Única dos Trabalhadores - CUT - e de recentemente ter sido reeleita para a direção nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE. 

Nesse cenário, Ivonete Cruz é um ponto fora da curva. Uma exceção à regra. Isso porque, segundo estudos da área, inclusive um realizado por dirigentes do Sintese, o comando sindical está, em sua maioria, nas mãos de homens. 

“Ainda temos uma pequena participação. A maioria dos sindicatos está no comando dos homens, e isso é resultado de  um modelo histórico”, explica Ivonete. “Na minha avaliação ainda precisamos avançar muito na ocupação dos espaços pelas mulheres”, reforça.

De acordo com a dirigente do Sintese, além de ocupar os espaços no comando,  as mulheres também precisam ocupar os espacos de fala. “E ainda enfrentar as posições machistas que tentam ridicularizar a  fala das mulheres”, reitera. 

Nesse contexto, Ivonete destaca a atuação do sindicato das domésticas, “conduzido por bravas mulheres guerreiras”, na opinião dela. O Sintese também é pioneiro - talvez porque o Magistério reúna cerca de 80% de professoras. “Mas ainda precisamos ocupar mais espaços tanto de comando como de fala”, enfatiza. 

Ivonete diz que acredita muito na força da mulher na ocupação de todos os espaços de poder. “Precisamos avançar muito mais. Por que lugar de mulher é aonde ela quiser estar”, opina. 

Segundo Ivonete, a predominância dos homens nos sindicatos é cultural e histórica. “As mulheres foram preparadas para ficar em casa cuidando dos filhos e do marido,  enquanto que aos homens coube ocupar as ruas e os espaços da política. Romper isso é o grande desafio das mulheres”, avalia. 

De acordo com ela, esse é um cenário nacional, ao qual Sergipe não foge à regra. “Aqui também precisamos ocupar espaço e sermos respeitadas na ocupação desse espaço”, argumenta.

Mas ela reconhece que há nomes nacionais que se destacam na ocupação desses espaços de poder. “Tivemos uma mulher na Presidência da República e outras mulheres guerreiras. Em Sergipe, destaco a professora Ana Lúcia como sindicalista e parlamentar que sempre ocupou espaços e foi muito firma nas suas convicções”, lembra. 

Ivonete defende uma sociedade justa, igualitária entre mulheres e homens que se respeitam, e ela passa, também, pelos espaços sindicais. “Que cada vez mais mulheres ocupem espaço de poder e que sigamos firmes enfrentando o machismo estrutural”, ressalta. 

 

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