Belivado Chagas: sem o contrapé positivo de 2018
A partir desta sexta-feira, 7 de janeiro de 2022, os sergipanos estarão a menos de 10 meses da escolha do futuro governador do Estado de Sergipe, aquele que vai suceder Belivaldo Chagas, PSD, que é governador reeleito e não pode e nem tem direito de ir à reeleição.
Na verdade, a contar desta sexta, eles, os sergipanos, estarão a exatos 267 dias da eleição - assim como todos os demais brasileiros deste mesmo período para a escolha do futuro presidente do Brasil, se continuará sendo Jair Bolsonaro, PL, ou se chegará um outro para o lugar dele.
Esta análise pretende focar somente a cena sergipana. Portanto, é lícito dizer que, apesar de os governistas estaduais de Sergipe estarem flanando sozinhos, sem nenhum pré-candidato taludo e viçoso da oposição por ameaça nesta disputa, há licitude, também, em se afirmar que a eleição de 2022 será, para eles, os governistas, bem diferente daquela de 2018.
Em 2018, Belivaldo Chagas se reelegeu governador com os famosos dois pés nas costas numa eleição que só teve dois turnos porque o que havia de oposição ganhou o caminho da bifurcação e ubiquidade, com Eduardo Amorim, PSDB, e Valadares Filho, PSB, saindo cada um em disputas por conta própria. O resultado, dando a Belivaldo um perfil de herói com índices altíssimos num segundo turno com Valadares Filho, todo mundo conhece.
Desde então, Belivaldo se fez governador de uma eficácia reparatória das chagas recentes de Sergipe como nunca mais nenhum outro se fizera. Isso e mais a morte da oposição orgânica a ele e ao seu grupo - Valadares Filho e Eduardo Amorim falam em candidaturas de deputado federal e de senador para este ano - levaram por muito tempo ao pensamento de que os governistas fariam o futuro governador num passeio, de lambuja, nos próximos 267 dias.
Esse pensamento não mudou de tudo e nem perdeu a validade. Mas é fato que 2022 apresenta cenários fortemente diferentes do de 2018 e podem complicar. Cenários diferentes no sentido de desiguais. Em 2018, com um governo de oito meses nas mãos e trabalhando para reeleger a si mesmo, Belivaldo tinha um exército político unido e forte marchando com ele.
Ali era um time que contava com o ex-governador Jackson Barreto, MDB, com o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, PDT, com a vice-prefeita de Aracaju e candidata a vice-governadora Eliane Aquino, do PT, e com todo o próprio PT, contando aí com Rogério Carvalho, que se elegeu senador.
O problema é que esse guindaste de 2018 está meio que desarmado para 2022. Está um tanto flácido. Há rumores de que Jackson e Belivaldo não trocam mais bitocas políticas como há quatro anos, e o PT arruma seu projeto de eleger um governador de seus próprios quadros, com o nome nada desprezível de Rogério Carvalho. Eliane Aquino, a vice-governadora, ensaia projeto pessoal solo, numa candidatura eventualmente ao Senado ou à Câmara Federal.
De modo que os governistas de 2018 não são e nem serão mais os mesmos governistas em 2022. Mas isso não é tudo na desidratação do projeto dos governistas para este ano. Por um modelo arriscoso, estimulado e consentido por Belivaldo, de dar corda a todos e deixar que se engalfinhem na busca da auto viabilização de candidaturas pessoais, o núcleo que ainda pode ser chamado de governistas - se se considerar que PT não mais o é e já se converteu numa nova oposição - tem rachas e fissuras com cara de irreparáveis.
Irreparáveis e com perspectivas “perigosas”. Ruins. Nisso entram os desejos conflagrados de Fábio Mitidieri, Edvaldo Nogueira e Laércio Oliveira. Qual deles subirá ao pódio de candidato governista? E quem dentre eles não for o “ungido” e o “abençoado”, segue que caminho? Adota que postura?
Há bizus cada dia mais estridentes de que Fábio Mitidieri será o escolhido por Belivado. E daí, Edvaldo e Laércio baixarão a cabeça e baterão continência para isso? Seguirão no mesmo barco? Na mesma aliança?
Pelo menos da parte de Edvaldo, que tem a melhor cotação popular para a disputa, já existem acenos de que ele poderá se atracar eleitoralmente com Rogério Carvalho. Se Laércio não encontrar espaço nem numa disputa para o Senado - essa é uma outra tangente dele -, pode cumprir o seu calvário de tentar um quarto mandato de deputado federal e lavar as mãos para o escolhido candidato ao Governo do Estado pela ala governista. Pode. É uma hipótese.
Numa situação assim, não precisa fazer grandes esforços para imaginar que uma chapa liderada por Rogério Carvalho numa convergência com Edvaldo Nogueira deixa o projeto dos governistas via Belivaldo e Fábio Mitidieri em situação de complicada a complicadíssima.
Mais ainda se a parceria com o prefeito de Aracaju botar no pacote o marqueteiro Carlos Cauê, o terror dos perdedores de Governo de Sergipe nas últimas quatro eleições - duas de Marcelo Déda, uma de Jackson Barreto e uma de Belivaldo Chagas.
PS - E ainda conta como favorável a esse projeto o fenômeno de Luiz Inácio Lula da Silva que, como pré-candidato à Presidência da República, tem em Sergipe três vezes mais intenções de votos do que Bolsonaro. Óbvio que, mesmo Belivaldo e Fábio Mitidieri apoiando o nome Lula em Sergipe, Rogério seria bem mais beneficiado dessa força por ser um petista.
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