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Jozailto Lima

É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Sônia Meire prova que não é preciso mandato pra fazer política pelas mulheres
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Sônia Meire: “É necessário fazer política com as mulheres todos os dias”

Com mais de 60 mil votos na última eleição, quando se candidatou ao Senado, a professora Sônia Meire, PSOL, mostrou que, embora - ainda - não tenha sido eleita para um mandato eletivo, sua campanha jamais poderá ser considerada inexpressiva.

Com 60 mil votos, Sônia Meire teria sido eleita para um outro mandato, inclusive – se voto fosse medido assim no atacado entre candidaturas majoritárias e proporcionais. Mas o fato é que Sônia acredita que sua não eleição se deve a três questões importantes. 

A primeira, segundo Sônia, é a própria estrutura desigual das eleições nos tempos de TV, no financiamento, etc. “É difícil concorrer com campanhas milionárias”, justifica Sônia. A segunda é o que ela chama de “grande quantidade de mentiras espalhadas sobre a militância e o PSOL”.

“Defendemos os direitos dos trabalhadores, o combate a toda forma de opressão e a mudança desse modelo de exploração capitalista em que vivemos e provamos que é possível realizar algumas transformações. Mas as pessoas, de forma maldosa e por ignorância, distorcem, colocando como propostas impossíveis”, lamenta Sônia. 

O terceiro ponto é o machismo que, na opinião dela, controla as estruturas partidárias e impede, na maioria das vezes, que as mulheres sejam protagonistas e ocupem cargos majoritários. “Mesmo no PSOL, tivemos que travar duras batalhas para o aumento do tempo e recursos de campanha para as mulheres”, admite. 

Mas engana-se quem pensa que a professora Sônia se sente desmotivada pelo fato de não ter sido eleita. Pelo contrário. “Sinto-me muito fortalecida e agradecida. Depois de concorrer a três mandatos majoritários - governadora, prefeita de Aracaju e por último, senadora -, pude conhecer ainda mais a situação de dificuldade pela que passa o povo sergipano e com muita conversa e diálogo levamos uma proposta para construir um projeto alternativo de desenvolvimento social”, justifica.

E, para ela, essa proposta vem sendo cada vez mais aceita. Prova disso é que não apenas o PSOL sergipano fez as suas maiores votações da história, mas nacionalmente o partido aumentou a bancada federal, que hoje conta com dez deputados, sendo cinco homens e cinco mulheres - atingiu a cláusula de barreira.

“Então, agradeço ao povo sergipano, em especial às mulheres trabalhadoras e à juventude, pela confiança de continuar acreditando na força coletiva para transformar a realidade”, diz Sônia, que acredita principalmente nesses dois nichos para driblar o machismo que cerceia os processos eleitorais.

“As mobilizações feministas têm sido muito importantes, como o ato do #EleNão, os atos do 8 de março e por justiça para Marielle, que demonstram bem a força do movimento. Incluindo toda a diversidade das mulheres negras, trans, indígenas. E isso vai repercutir na ocupação dos espaços de poder”, ressalta.

Para além disso, a professora assegura que é possível fazer política, especialmente pela causa feminista, sem estar num mandato. “A luta é todo dia. Por isso, mais que possível, é necessário fazer política com as mulheres todos os dias. O feminicídio e a violência contra as mulheres não terminam quando terminam as eleições. É uma tarefa nossa seguir lutando pela vida das mulheres, por mais emprego, acesso à educação, à saúde pública, etc”, pontua.

De fato, não é somente o processo eleitoral que pode transformar, apesar de ser ele um espaço importante. “Com as mulheres e o conjunto dos trabalhadores, negros e negras, juventude, LGBT’s, temos condições de construir uma força social para defender os nossos direitos nesse momento histórico”, destaca.

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