Antonio Carlos Valadares: “Creio que Valadares Filho ganha o Governo”

Entrevista

Jozailto Lima

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Antonio Carlos Valadares: “Creio que Valadares Filho ganha o Governo”

Publicado em 14 de abril de  2018, 20:00h

"Há travas ruins sobre André Moura"

Antonio Carlos Valadares, químico industrial, advogado, senador do Brasil por Sergipe e ex-governador do Estado. Um homem único no campo da política. Um tipo que é, ao mesmo tempo, vários.
Amado e odiado, vai de rebelde, iconoclasta, a coronel. Com um tuiter em mãos, migra a uma espécie de guerrilheiro à moda Cinema Novo, que pratica a máxima de uma câmera na mão e uma ideia na cabeça a azucrinar gentes e situações.

É de um espécie que, aos 75 anos, não deixa quietos os da sua atividade. Um tipo que dorme com um olho aberto e outro fechado. Uma figura por vezes – ou quase sempre – incapturável. De difícil leitura.

Com Antonio Carlos Valadares, todo máximo cuidado é mínimo. Se a bússola dele apontar para o Sul, corra para o Norte, que é para onde ele certamente irá. E geralmente chega ao seu destino, às vezes crivado de restrições dos seus concorrentes. Ou de reconhecimento.

Com esse jeitão, papou nove das 11 eleições concorridas. Isso vem desde 1966, quando se elege, aos 23 anos, prefeito de sua Simão Dias, à de 2010, quando se fez pela terceira vez senador por Sergipe - prerrogativa que só ele e Maria do Carmo atingiram em 198 anos de Sergipe Del Rey..

Seus olhos de “cobra verde” seduzem muita gente, e nestes 52 anos foi da Arena ao PT, como um bailarino que pulasse suavemente de trapézio a trapézio. Em 1982, chegou a vice-governador de Sergipe.

Foi eleito governador de Sergipe em 1986 pelo PFL, com a mão amiga de João Alves e “devolveu-lhe” o favor em 1990. Em 1994, numa dobradinha com Jackson Barreto, faz-se senador pela primeira vez e puxou José Eduardo Dutra, PT. Em 2002, apoiando José Eduardo Dutra ao Governo, reelege-se senador.

Quatro anos depois, em 2006, fiel à dobradinha com o PT, ajudou a fazer de Déda o primeiro petista sergipano governador, ajudou a reelegê-lo em 2010 e ganhou, ali, o terceiro mandato para o Senado. Em 2014, está ao lado de Jackson Barreto, na reeleição dele a governador, indicando Belivaldo Chagas, PSB, a vice.

Mas já foi deputado estadual duas vezes e federal uma. Hoje, rompido com JB e Belivaldo, assim como com o grupo do senador Eduardo Amorim e do deputado federal André Moura, o sensor do senador Valadares aponta noutra direção. Aposta que é chegada a hora de eleger Valadares Filho governador de Sergipe.

“Valadares Filho tem uma índole reconhecidamente pacífica. Mas, ao modo dele, é um guerreiro no respeito ao adversário e na maneira de traçar uma linha de coerência para fazer um grande Governo, ouvindo a todos aqueles que o acompanham”, diz.

“Portanto, creio que Valadares Filho vai ganhar a eleição de Governo de Sergipe. E ele está seguro disso. Teria renovação do mandato de deputado federal, no entanto preferiu ingressar nessa caminhada difícil, mas urgente, para que Sergipe possa concretizar um novo projeto e um novo ciclo de futuro”, reforça.

Para chegar a esse ponto de dissidência dos novos aliados de oposição, o senador Valadares entende que a presença do deputado federal André Moura, PSC, líder do Governo Michel Temer, dando as cartas em lugar de Eduardo Amorim, PSDB, inviabilizou tudo.

“Na verdade, a gente não pode botar, principalmente na majoritária, algum candidato ou componente que passe o tempo todo respondendo às acusações que lhe serão feitas durante a campanha”, restringe o senador

“André Moura não era candidato a nada na eleição de 2016. Era apenas um apoiador de Valadares Filho e, mesmo assim, foi violentamente atacado por Edvaldo Nogueira e por Jackson Barreto como participante de uma suposta quadrilha que, se Valadares Filho fosse eleito, montariam para roubar a Prefeitura”, amplia ele.

“Isso foi dito de forma peremptória nos comícios, nas carreatas, nos órgãos de comunicação. Nas mídias sociais. Ele não era candidato a nada. Imagine uma vez sendo. Não estou dizendo que todas essas acusações sejam verdadeiras, mas ele será alvo de ataques nessa campanha”, completa.

De por Valadares, a aliança com a oposição pelo Governo de Sergipe seria levada avante se as cartas fossem dadas pelo senador Eduardo Amorim. “Considero Eduardo Amorim um homem de bem. Um político sem maldades, de boa-fé, mas lamentavelmente todo esse sentimento que ele tem de fazer mudança na política de Sergipe foi obstaculizado pela ação de uma personalidade que centraliza o poder e que é chamada de André Moura”, diz.

Para além da leitura da cena política voltada para a sucessão, o senador Valadares lê duramente a figura e o governo de Jackson Barreto - “afirmo sem nenhum medo de errar que a atual crise que enfrentamos no Estado de Sergipe foi a pior de todos os tempos. Nenhum outro Governo dentro deste período que participo da política, por exemplo, deixou de pagar em dia o salário dos servidores, atrasando permanentemente também os proventos dos aposentados” - e fustiga Belivaldo Chagas.

“A meu ver, Belivaldo Chagas é um homem sério. Agora, não tem voto, não tem popularidade e sua sensibilidade política é uma sensibilidade limitada, porque se ele tivesse alguma sensibilidade política, a primeira coisa que ele deveria ter feito, depois daquela inauguração fajuta no Huse, era abrir um inquérito, uma sindicância para descobrir os fatos e circunstâncias que resultaram naquele escândalo que tomou proporções nacionais”, diz.

A AMARGA HERANÇA DE JACKSON BARRETO
“Nenhum outro Governo dentro deste período que participo da política, por exemplo, deixou de pagar em dia o salário dos servidores, atrasando permanentemente também os proventos dos aposentados”

Perdeu Eduardo Campos, que sonhava aterrissar na Presidência da República; e seu sobrinho, Pedrinho Valadares
Com a mãe, Dona Caçula

CRÍTICAS A JACKSON SÃO DESPROVIDAS DE ÓDIO
“Algumas pessoas ligadas a Jackson afirmam que eu o critico porque tenho ódio dele. Na realidade, não é isso. Faz parte da minha índole, ao exercer a minha função de oposicionista, fazer as críticas, reparando os erros”

JLPolítica - Senador, de 1966, quando o senhor se elegeu prefeito de Simão Dias aos 23 anos, para hoje, se passaram 52 anos. Com toda esta vivência, o senhor diria que esta é a pior quadra da política do Estado de Sergipe?
Antonio Carlos Valadares - Afirmo sem nenhum medo de errar que a atual crise que enfrentamos no Estado de Sergipe foi a pior de todos os tempos. Nenhum outro Governo dentro deste período que participo da política, por exemplo, deixou de pagar em dia o salário dos servidores, atrasando permanentemente também os proventos dos aposentados. Também nenhum Governo deixou de cumprir religiosamente com seus compromissos de ordem financeira para com a União, atrasando juros, tendo sido anteriormente demandado pela Secretaria do Tesouro, a ponto de bloquear recursos da conta do Fundo de Participação no Banese. Isso é a primeira vez que ocorre em Sergipe - pelo menos, pelo que eu sei. Nunca um Governo pleiteou um empréstimo para ser totalmente barrado, como esse dos R$ 560 milhões do Finisa, aprovado pela Assembleia Legislativa. Tem mais coisa: nunca o Governo inaugurou uma obra na área de saúde para no dia seguinte retirar todos os seus equipamentos, não deixar o menor vislumbre de que algum funcionário foi contratado para fazer a unidade de saúde funcionar. Isto é, deixou tudo vazio e a comunidade revoltada com a enganação. Nunca houve também na história de Sergipe um Governo que tenha deixado as estradas totalmente esburacadas, algumas delas causando prejuízos enormes aos motoristas, causando acidentes fatais, como também prejuízo ao transporte da nossa produção. Nunca um governador, em época de crise como esta que estamos vivendo, tomou licença de mais de 20 dias para desfrutar das delícias das ilhas mediterrâneas, deixando a bronca para o seu atual sucessor.

JLPolítica - O senhor não relativiza que esses fatos todos estão dentro de um País conflagrado por uma crise?
ACV - Isso poderia ser muito amenizado se o Governo tivesse, desde o início que assumiu com a morte do saudoso Marcelo Déda, tomado medidas drásticas, cortando despesas que poderiam ser cortadas como, por exemplo, a profusão de cargos em comissão e reduzir consideravelmente a máquina. Colocando no máximo dez Secretarias de Estado, seria o suficiente para tocar o Governo.

JLPolítica - Qual é a herança que Sergipe tem no presente e a que lembrará no futuro da figura pública de Jackson Barreto?
ACV - Pelo meu ver, é e será a herança da sua triste partida, como eu escrevi no meu artigo. A triste partida de inaugurar uma obra inacabada e, em seguida, não só Sergipe como todo o Brasil, com espasmo, verificaram que se tratou de uma atitude irresponsável. Ele será lembrado pelo triste desempenho à frente do Governo. Deu um atestado público de sua ineficiência e da sua inapetência para o Executivo.

Com Déda, viveu momentos de distância e proximidade

PRÉ-CANDIDATURA AO SENADO NÃO É PRIORIDADE
“Neste instante, já que estamos tentando formar um novo agrupamento político em Sergipe, sob o prisma de um projeto novo e restaurador, a minha pré-candidatura ao Senado não é uma prioridade. A prioridade é a pré-candidatura de Valadares Filho”

JLPolítica - O senhor acha que uma polarização numa disputa pelo Senado em 2018 entre o senhor e Jackson poderia render que tipo de resultado?
ACV - Não haverá. Da minha parte, não existe nenhum empenho ou intuito de transformar Jackson Barreto em nosso principal adversário, no caso de eu vir a ser candidato a senador, uma vez que a minha pré-candidatura eu não assumi ainda publicamente. Algumas pessoas ligadas a Jackson afirmam que eu o critico porque tenho ódio dele. Na realidade, não é isso. Faz parte da minha índole, ao exercer a minha função de oposicionista, fazer as críticas, reparando os erros e também apresentando as sugestões. De outro lado, há na nossa constituição o direito assegurado da expressão a todo e qualquer cidadão. Esse é um direito inalienável. Eu, como governador que fui, senador que sou, vejo as críticas que são dirigidas a mim com naturalidade. Ao contrário dele, que se criou na escola do autoritarismo. O autoritarismo bolchevista, onde a ordem de cima tinha que ser obedecida por quem estava embaixo.

JLPolítica - O que é que o senhor acha dos que lhe consideram um oposicionista raivoso?
ACV - Oposicionista raivoso é aquele que ataca o adversário, menosprezando o que há de positivo na ação dele sem apontar sugestões para resolver os problemas criticados. Seria o exato contrário de mim. O odiento se aproveita de todo e qualquer erro do adversário e ainda inventa, cria factoides, para desgastar os adversários. Não é do meu feitio.

JLPolítica - O senhor completa em fevereiro de 2019 24 anos ininterruptos de mandatos de senador. Sua vontade e sua energia apontam para a possibilidade de disputar mais um mandato?
ACV - Na verdade, neste instante, já que estamos tentando formar um novo agrupamento político em Sergipe, sob o prisma de um projeto novo e restaurador, a minha pré-candidatura ao Senado não é uma prioridade. A prioridade é a pré-candidatura daquele que vai comandar o processo de mudança em Sergipe, no caso, a pré-candidatura de Valadares Filho. Nós não vamos fazer como fez o outro grupo que se diz oposição: começar a sucessão pela vice e depois pelo Senado. Hoje, no agrupamento de André Moura e de Eduardo Amorim, a prioridade, por tudo que estamos vendo, é a eleição de um senador. O mandato de governador, que é o carro-chefe de qualquer campanha, está em segundo plano. Então, nós não estamos preocupados neste momento em evidenciar o meu nome como candidato a senador.

Pelos braços de João, em 1986, chegou ao Governo de Sergipe. Era do PFL. Foi o único vencedor, entre os 27 Estados, que não era do PMDB

COMO CANDIDATO OU NÃO, VAI PRA CIMA
“Como candidato ou não, acho que não devo parar. Se for candidato, partirei para o enfrentamento, mostrarei o que fiz ao longo de todos esses anos com muita decência, sacrifício pessoal, desejo de servir ao nosso povo”

JLPolítica - No aspecto da operação política – não no do exercício de mandatos – quem é Antonio Carlos Valadares segundo o próprio Antonio Carlos Valadares?
ACV - A visão que eu tenho é a de que valorizo muito a vida política de cada um. Valorizo e respeito desde o vereador até o presidente da República. Todas essas figuras merecem o nosso respeito, desde que se conduzam dentro de um comportamento ético, em sintonia com o desejo da comunidade. Quando eu fui governador, reuni meu secretariado no primeiro dia e disse assim para eles: “olhem, eu sou governador do Estado e vocês são secretários. Não me encarem nas horas dos seus erros como seu amigo. O único amigo de vocês é a lei. Se vocês estiverem ao lado dela, contarão comigo aqui”. Portanto, comportamento ético é não se aproveitar do mandato para enriquecer pessoalmente, nem para a montagem de esquemas políticos-eleitorais visando eleger bancadas, como, por exemplo, está fazendo hoje o presidente da República em todo o Brasil, para se proteger lá na frente de processos que certamente serão abertos quando deixar a Presidência.

JLPolítica - O senhor se acha dificílimo, difícil ou fácil na convivência política com os seus pares, as classes políticas?
ACV - Eu me considero uma pessoa de fácil acesso, desde que não me venha com pratos feitos. Pratos feitos é querer impor a mim posições que eu não quero, não desejo assumir.

JLPolítica - Mas o senhor gosta de impor seus pontos de vista ao outros?
ACV - De forma nenhuma. Eu respeito aqueles que não querem me acompanhar. Eu apenas digo: “vai se arrepender”. E se arrepende lá na frente.

Ele e Jackson estiveram juntos na maior parte de suas trajetórias

“O ÚNICO AMIGO DE VOCÊS É A LEI”
“Quando fui governador, reuni meu secretariado e disse assim: olhem, sou governador e vocês são secretários. Não me encarem nas horas dos seus erros como seu amigo. O único amigo de vocês é a lei. Se estiverem ao lado dela, contarão comigo aqui”

JLPolítica - Como foi que o senhor se comportou frente ao patrimonialismo nestes 52 anos?
ACV - Com a maior tranquilidade, já que eu não tive vocação para ser empresário e sim político. Ser político significa servir ao povo, tendo como linha-mestra a situação de trabalhar diuturnamente para reduzir o sofrimento da população. E para isso terá que se impor a sacrifícios pessoais para exercer essa missão. Eu considero o político um ser devotado à população. Ser político não rima com patrimonialismo

JLPolítica - Qual é a real dimensão do seu patrimônio aos 75 anos?
ACV - Eu tenho duas casas e alguns carros velhos que me servem na campanha política. Por exemplo, eu gosto de fusca e meu fusca não fica na garagem, fica na campanha. Aquela Bandeirante, por exemplo, e assim por diante. E me sinto muito feliz em não ter fazenda, rádio, televisão, indústria. O que me alegra é fazer as pesquisas e eu estar sempre entre os primeiros colocados para qualquer cargo eletivo.

JLPolítica - Se o senhor tivesse que voltar para 1943, o senhor repetiria tudo de novo?
ACV - Faria tudo de novo, com algumas alterações, é bem verdade, porque as experiências ao longo da vida são muito importantes. Hoje, por exemplo, não faria acordos que fiz e que, por isso, perdi eleições. Por exemplo, como um acordo que eu fiz em 2000, quando fui candidato a prefeito de Aracaju, altamente lesivo com Jackson Barreto, que tinha sido defenestrado numa candidatura ao Senado dois anos antes porque se aliou a Albano Franco. Aquilo ali me prejudicou demais. Então, eu faria uma revisão se tivesse que voltar para a eleição de 2000.

Hoje, eles podem ser adversários diretos, na disputa por uma das duas vagas do Senado

“NÃO ME VENHA COM PRATOS FEITOS”
"Eu me considero uma pessoa de fácil acesso, desde que não me venha com pratos feitos. Pratos feitos é querer impor a mim posições que eu não quero, não desejo assumir"

JLPolítica - O senhor disputou 11 eleições, de 1966 a 2010, e das 11 foi vitorioso em nove, perdeu 98 para governador e 2000 para prefeito. Qual é o balanço que o senhor faz da sua vida como competidor?
ACV - Posso dizer a você que nunca fiz eleições sozinho. Sempre participei de movimentos visando novo projeto para Sergipe. Eu, por exemplo, em 1994, participei de uma eleição dificílima como candidato a senador da República ao lado de José Eduardo Dutra, enfrentando Albano Franco como candidato a governador. Eu e Zé Eduardo senadores e Jackson, governador. Nós contribuímos para este grupo que hoje está no poder. Eu ajudei a construir em 1994. Esse grupo também me ajudou. Fui eleito senador mais votado e consegui levar Zé Eduardo, que agradeceu publicamente a minha ação. Morreu sendo meu primeiro suplente e meu amigo pessoal. Eu ajudei Jackson naquele 1994, quando ele foi para o segundo turno; ajudei Jackson a ser vice do governador de Marcelo Déda em 2010 e ajudei a ele ser governador em 2014. Então, ninguém venha me dizer que me ajudou e que não ajudei. Pelo contrário: a ajuda foi mútua.

JLPolítica - Se colocar na balança, quem deve mais um ao outro, o senhor a Jackson, ou ele ao senhor?
ACV - Eu acho que ele deve mais a mim, porque ele foi eleito vice-governador e, em função dessa eleição de vice-governador, se tornou candidato a governador e foi eleito com minha ajuda. E o que ele fez? Rompeu comigo no primeiro dia, antes de tomar posse. Rompeu comigo publicamente. Todo mundo sabe o discurso que ele fez, dizendo que eu deveria me aposentar. Lembra?

JLPolítica - Com todo o discurso negativo que o senhor faz do Governo dele, o senhor acha que ele terá êxito como candidato ao Senado?
ACV - Eu acho o seguinte: ele acredita em seu populismo, está apegado a um populismo que ele conseguiu lá atrás e esse populismo pode levá-lo à derrota.

Com Belivaldo, a proximidade vem do berço em Simão Dias

POLÍTICO NÃO É PRA FAZER PATRIMÔNIO
“Ser político significa servir ao povo, tendo como linha-mestra trabalhar diuturnamente para reduzir o sofrimento da população. E para isso terá que se impor a sacrifícios pessoais”

JLPolítica - Como o senhor viu as declarações dele com relação ao Proinveste, de que Marcelo Déda teria exaurido os recursos antes de aplicar naquilo para o que foi destinado?
ACV - A minha leitura é a de que Jackson nunca assume responsabilidades próprias. Sempre está procurando um culpado. Infelizmente, neste caso, focou em alguém que estava morto, sem poder responder. Mas seus amigos, inclusive eu, Valadares Filho, Sílvio Santos, Márcio Macedo, Rogério Carvalho, Eliane Aquino, defenderam o legado de Marcelo Déda. Fiz um discurso no Senado Federal protestando contra esta situação nefasta para tirar da memória positiva do povo sergipano a imagem, a figura inatacável, do ponto de vista ético e moral, que era Marcelo Déda.

JLPolítica - O senhor só ficou no discurso do Senado?
ACV - Não. Também fiz um artigo que saiu nas redes sociais e fui ao Tribunal de Contas da União levar ao ministro Raimundo Carreiro, presidente do Tribunal, a denúncia de que a conta única do Estado estava zerada quando assumiu o Governo, formulada pelo próprio governador que, a meu ver, foi um tiro no pé. Ele deve ter visto depois o erro que cometeu, tanto que já pediu desculpas à família de Déda. Mas já era tarde, uma vez que quando ele assumiu o Governo, Déda já estava no hospital. Todos os gastos que foram feitos em relação ao Proinveste ocorreram no Governo provisório e definitivo de Jackson Barreto.

JLPolítica - O senhor comunga a tese de que a classe política de Sergipe, nesta primeira metade deste século XXI, nunca esteve tão desunida como antes na sua história?
ACV - De fato, talvez até pela forma como as coisas estão acontecendo no Brasil, existe um sentimento de descrédito generalizado da classe política e cada um procura o seu caminho como, por exemplo, o PSB está procurando um diferente daquele que atuou em alguns períodos da política de Sergipe e não negamos. Agora, daqui para frente, acho que há possibilidade de o eleitor ter um grande leque de opções. Isso é bom. Ao invés de se falar da divisão da classe política, podemos falar de multiplicidade de pensamentos e de ações para melhorar a vida do sergipano. Então, divisionismo político se fala quando as pessoas estão ficando sozinhas e reclamam de acordos que não aconteceram. 

Hoje, Belivaldo tenta barrar o sonho de ser governador de Antonio Carlos Valadares Filho

TENHO DUAS CASAS E ALGUNS CARROS VELHOS
“Tenho duas casas e alguns carros velhos. Me sinto muito feliz em não ter fazenda, rádio, televisão, indústria. O que me alegra é fazer pesquisas e eu estar sempre entre os primeiros colocados para qualquer cargo eletivo”

JLPolítica - O que os sergipanos devem esperar desses oito meses e 23 dias em que Belivaldo Chagas, seu ex-aliado político, governará Sergipe?
ACV - Se ele aprendeu alguma coisa na convivência que teve no PSB, fará o que for melhor para o povo de Sergipe, inclusive, não deixando que outras forças emperrem o seu trabalho na caminhada por um Governo de respeito e consideração ao povo de Sergipe.

JLPolítica - Que forças seriam essas?
ACV - As forças que dominam e sempre dominaram o Governo neste período. Se ele se impuser, e disser: “olha, sentei na cadeira, sou governador e nada farei que não venha em benefício da população”, aí funciona.

JLPolítica - Para além das indisposições entre os senhores dois, qual o conceito que o senhor tem de Belivaldo Chagas?
ACV - A meu ver, Belivaldo Chagas é um homem sério. Agora, não tem voto, não tem popularidade e sua sensibilidade política é uma sensibilidade limitada, porque se ele tivesse alguma sensibilidade política, a primeira coisa que ele deveria ter feito, depois daquela inauguração fajuta no Huse, era abrir um inquérito, uma sindicância para descobrir os fatos e circunstâncias que resultaram naquele escândalo que tomou proporções nacionais. A primeira coisa era demitir os responsáveis. A sensibilidade dele começava por ali. O Governo dele começava ali. Como não houve nenhuma providência, então, é o continuísmo. É o Governo continuísta.

Mas, se preciso for, Valadares pai encerra a sua caminhada para facilitar a do filho

AJUDAS A JB FORAM MÚTUAS
“Ajudei Jackson naquele 1994, quando foi para o segundo turno; ajudei Jackson a ser vice governador de Déda em 2010 e ajudei a ser governador em 2014. Então, ninguém venha me dizer que me ajudou e que não ajudei. Pelo contrário: a ajuda foi mútua”

JLPolítica - O senhor não sente uma pontinha de orgulho em saber que Belivaldo Chagas é mais um governador de Sergipe a chegar lá com a sua participação?
ACV - Eu acho que quem deveria se orgulhar disso era ele. Se orgulhar de ter sido indicado duas vezes vice-governador por minha insistência e de agora chegar ao Governo do Estado.

JLPolítica - Que discursos de campanha terão os Valadares contra a figura pública ou pessoal de Belivado Chagas neste processo eleitoral, se ele for mesmo candidato à reeleição?
ACV - Eu acho que, na verdade, nossa campanha não irá se direcionar a pessoa de Belivaldo e nem à de Jackson Barreto. Acho que a campanha deve se desenrolar e centrar-se nas discussões dos problemas cruciais do Estado de Sergipe, como tirá-lo do buraco em que está vivendo, do caos da saúde e da segurança pública, como fazer economias para sobrar dinheiro e realizar obras estruturantes, como tocar o canal de Xingó, que foi abandonado pelo Governo Federal e deixou de ser discurso de campanha do Governo do Estado, como recuperar a Fafen, que desempregará centenas de pessoas, já que a Petrobras está desinvestindo em Sergipe, como recuperar a imagem de Sergipe para atrair investimentos. Eu acho que é apequenar a campanha eleitoral partir para ao ataque ao adversário. Seja ele quem for.

JLPolítica - O deputado federal Valadares Filho está preparado para tudo isso que o senhor acabou de falar, para recuperação de Sergipe?
ACV - Valadares Filho tem uma índole reconhecidamente pacífica, até menos guerreira que a minha. Mas, ao modo dele, é um guerreiro no respeito ao adversário e na maneira de traçar uma linha de coerência para fazer um grande Governo, ouvindo a todos aqueles que o acompanham. Portanto, creio que Valadares Filho vai ganhar a eleição de Governo de Sergipe. E ele está seguro disso. Teria renovação do mandato de deputado federal, no entanto preferiu ingressar nessa caminhada difícil, mas urgente, para que Sergipe possa concretizar um novo projeto e um novo ciclo de futuro.

Pelas Diretas Já, esteve ao lado de Tancredo Neves

JACKSON, DÉDA E O PROINVESTE
“Minha leitura é a de que Jackson nunca assume responsabilidades. Sempre está procurando um culpado. Infelizmente, neste caso, focou em alguém que estava morto. Mas os amigos defenderam o legado de Déda”

JLPolítica - Mas o fato de Valadares Filho ter se definido pré-candidato tardiamente traz que implicações ao projeto eleitoral dele se for feita comparação com Belivaldo Chagas e com Eduardo Amorim?
ACV – A meu ver, não é tardiamente, uma vez que nosso partido disse em novembro do ano passado que só discutiria a sucessão governamental de Sergipe depois de março. Estamos em abril. Então, estamos no mês certo. Mas você veja ainda que no Brasil inteiro, de janeiro a março, poucos foram os candidatos lançados no âmbito a oposição. Dos Governos, sim, alguns se apressaram. Por aqui, por exemplo, como Belivaldo é uma figura praticamente desconhecida do eleitorado, sem nenhuma penetração no meio do povo, sem nenhum link eleitoral que o fortalecesse em sua pré-candidatura, foi obrigado a se lançar no ano passado, com vários eventos. Mesmo assim, sua pré-candidatura se manteve estável, na base de 7%. Então, voltando ao caso de pré-lançamentos, esse açodamento da pré-candidatura do âmbito da oposição foi se desvinculando da realidade. O próprio grupo do Amorim até agora não fez um lançamento definitivo de candidatura majoritária dele. Isso significa, no fundo, que eles acham que eu estava certo. É uma prova que eu estava certo. Valadares Filho e sua pré-candidatura estão no lugar e na hora certa.

JLPolítica - Mas Valadares Filho e o PSB dele e do senhor têm musculatura para levar adiante uma campanha de Governo sozinhos? 
ACV - Quem disse que estamos sozinhos? Teremos surpresas bastante agradáveis no campo da política de Sergipe nas coligações que estamos fazendo com os partidos que vão referendar a pré- candidatura de Valadares Filho, que será sem dúvidas lançada como um projeto alternativo e não de terceira via. Na hora certa, candidatura de Valadares Filho será alternativa de primeira via.

JLPolítica - Fábio Henrique, Heleno Silva, Mendonça Prado podem estar nesse contexto?
ACV - Valadares Filho conversou com alguns deles. Não conversou com Mendonça Prado, mas há uma sinalização. Entretanto, só faremos alianças que forem aceitas pelos atuais coligados nossos. Nada será impositivo.

E de José Sarney. Este, com a morte de Tancredo, fez-se presidente. Valadares chegou ao Governo de Sergipe

“BELIVALDO CHAGAS É HOMEM SÉRIO E SEM VOTO”
“Belivaldo Chagas é um homem sério. Agora, não tem voto, não tem popularidade e sua sensibilidade política é uma sensibilidade limitada, porque se ele tivesse alguma, a primeira coisa que deveria ter feito, depois da inauguração fajuta no Huse, era abrir um inquérito”

JLPolítica - A conversa com o PV nesta última semana já faz parte disso?
ACV - Sim. A conversa com o PV está bastante adiantada e até o mês de maio faremos outra reunião para definição das candidaturas. O PV tem uma tendência a apoiar o candidato Valadares Filho e também não interrompemos o diálogo com a Rede. Você entendeu que não faremos nenhuma aliança em que os partidos que participem desse bloco não aceitam ingresso desse ou daquele outro partido. Não vamos impor de goela baixo aliança com partido que a maioria dos nossos, dos que estão conosco, não aceitem. Será uma aliança democrática, consentida pela maioria

JLPolítica - O senhor considera descartada a aliança PSB e PSC?
ACV - Sim. Essa já está descartada.

JLPolítica - Numa situação assim, supõe-se que o senhor acredita num segundo turno com Valadares Filho lá. Seria melhor enfrentar os governistas, com JB e Belivaldo, ou os oposicionistas, nas figuras de Eduardo ou André Moura?
ACV - Nós respeitamos o povo. Aquele que vier, será aceito como nosso adversário no segundo turno, com o nosso direito de participar e o desejo de vencer.

Na Bahia, com ACM. Os dois pertenciam ao antigo PFL

O FOCO QUE DEVE TER A CAMPANHA
“A campanha deve centrar-se nas discussões dos problemas cruciais do Estado de Sergipe, como tirá-lo do buraco em que está, do caos da saúde e da segurança, como fazer economias para sobrar dinheiro e realizar obras”

 JLPolítica - O senhor aceita a pecha de que fragmentou as oposições de Sergipe e de que pode vir a pagar um preço alto pela derrota delas em 2018?
ACV - As oposições, como o senhor falou, estão no plural. Não existe um só tipo de oposição. Vários são os partidos políticos que pleiteiam o desejo de governar Sergipe. Então, quanto mais a oposição deixa aparecer, melhor. Vamos garantir o segundo turno. E o divisionismo só acontece quando há acordos que são rompidos. Como não houve acordo, existia uma tendência, sem dúvida alguma, de que poderíamos marchar com Eduardo Amorim para o Governo do Estado.

JLPolítica - O que mudou, então?
ACV - De 2016 para cá aconteceram fatos que nos afastaram dessa possível aliança. Por exemplo, a ocorrência de reformas e anúncio de reformas no campo nacional que nos afastaram do Governo Federal e a ocorrência de fatos danosos à credibilidade do Brasil, como duas denúncias que foram formuladas contra o presidente da República e barradas por causa da compra de votos através de recursos federais. Isso daí pesou e muito na reconfiguração, na possível aliança que iríamos fazer, uma vez que o processo ao invés de estar sendo conduzido pelo PSB, que está fora do Governo, está sendo conduzido pelo líder do Governo mais impopular da história, cercado de tubarões da corrupção por todos os lados.

JLPolítica - Então, o senhor está dizendo agora que não houve um pacto lá em 2016 envolvendo alguém além de Eduardo Amorim?
ACV - Haveria sim a perspectiva de ser o Eduardo Amorim candidato a governador. Não havia nenhuma divergência contra isso. Mas no momento em que o processo passou a ser conduzido pelo líder do presidente Temer, André Moura, inclusive marcando data para lançamentos, mandando recados públicos sem jamais conversar com PSB, isso aí não aceitamos. Virou imposição.

Pelos PSB, no Senado, fez oposição ao Governo tucano de FHC

“VALADARES FILHO VAI GANHAR A ELEIÇÃO DE GOVERNO”
“Valadares Filho vai ganhar a eleição de Governo. Teria renovação do mandato de deputado, no entanto preferiu ingressar nessa caminhada difícil para que Sergipe possa concretizar um novo projeto e um novo ciclo de futuro”

JLPolítica - O senhor que não toca criticamente no nome do senador Eduardo Amorim como político? O senhor o preserva?
ACV - Eu considero Eduardo Amorim um homem de bem. Um político sem maldades, um homem de boa-fé, mas lamentavelmente todo esse sentimento que ele tem de fazer mudança na política de Sergipe foi obstaculizado pela ação de uma personalidade que centraliza o poder e que é chamada de André Moura.

JLPolítica - Todas as predicações públicas do senador Valadares apontam para profundas complexidades nas chances de o deputado federal André Moura disputar um mandato majoritário este ano - Governo ou o Senado. Quais as principais razões disso?
ACV - Na verdade é o seguinte: a gente não pode botar, principalmente na majoritária, algum candidato ou componente que passe o tempo todo respondendo às acusações que lhe serão feitas durante a campanha. André Moura não era candidato a nada na eleição de 2016. Era apenas um apoiador de Valadares Filho e, mesmo assim, foi violentamente atacado por Edvaldo Nogueira e por Jackson Barreto como participante de uma suposta quadrilha que, se Valadares Filho fosse eleito, eles montariam para roubar a Prefeitura. Isso foi dito de forma peremptória nos comícios, nas carreatas, nos órgãos de comunicação. Nas mídias sociais. Ele não era candidato a nada. Imagine uma vez sendo. Não estou dizendo que todas essas acusações sejam verdadeiras, mas ele será alvo de ataques nessa campanha. Isso, sem dúvidas, poderia prejudicar e muito o andamento da campanha, porque ficaria submetido a responder e a sempre responder.

JLPolítica - O senhor considera André Moura, então, uma sombra inadequada, ruim?
ACV - Acho que uma candidatura dele pode ter o quantitativo de prefeitos que tiver, e mesmo assim os adversários dele irão se aproveitar dos equívocos. As pesquisas estão mostrando aí o tamanho da rejeição do candidato André Moura. Quero que registre isso: nada tenho de pessoal contra ele. Se depender de mim, ataques pessoais não serão investidos contra adversários, contra ninguém. Mas quando você se junta a mim, aquilo ali se espalha e contamina toda a chapa. E eu acho que tudo muito agravado pelo Governo que ele representa, que é o Governo do presidente Temer, um Governo envolvido em corrupção comprovada, com popularidade lá em baixo, com a possibilidade de uma terceira denúncia vir à tona. Como podemos ser felizes num ambiente desse? Aí poderiam dizer: “ah, você se esqueceu do impeachment, você esqueceu que participou do Governo”. Não me esqueci que eu votei no impeachment, não me esqueci das reformas apressadas que foram feitas pelo presidente Temer e não me esqueci do seu envolvimento em denúncias graves de corrupção. E exatamente por isso nos afastamos dele. E onde está então a coerência daqueles que querem se manter no poder a qualquer custo, usando até do prestígio do Governo Federal como motivação para uma eleição majoritária?

Tem nada contra Eduardo Amorim. Vê problema em André Moura

QUEM DISSE QUE ESTAMOS SOZINHOS?
“A candidatura de Valadares Filho será alternativa de primeira via. Teremos surpresas bastante agradáveis no campo das coligações que estamos fazendo com os partidos que vão referendar a pré-candidatura dele”

JLPolítica - O senhor desconhece a tal da “avalanche de eficácia” do líder do Governo Temer, André Moura, no carreamento de recursos da União para ajudar Sergipe?
ACV - Isso faz parte daquele esquema de âmbito nacional, idealizado pelo presidente Temer para formar bancadas nos Estados, tendo no próximo ano uma bancada obediente aos seus projetos que não deram certo durante o seu Governo, uma bancada que possa salvaguardá-lo num pós-governo, uma espécie de salvaguarda, de anteparo às investigações que virão no futuro contra ele. Na verdade, o presidente Temer, ao disponibilizar recursos federais para determinadas lideranças, notadamente do Nordeste, tem o único objetivo de montar uma bancada de escudeiros na defesa dos seus objetivos políticos e a tamponar as acusações que serão levadas depois de ele deixar a Presidência. Só isso.

JLPolítica - O PSB não vacilou nesse processo de filiações de novas lideranças agora no começo de abril? O partido pescou algo graúdo?
ACV - Na verdade, temos um bom contingente de candidatos a deputados estaduais, federais, pessoas jovens, de todos os segmentos, trabalhadores da sociedade civil. Tentamos algumas outras lideranças tradicionais, no entanto, toda e qualquer liderança que fosse descoberta com chance de ter algum entendimento conosco, o Edivan Amorim e o André Moura chamavam para dizer: “não vão para lá, porque eles não têm grupo. Não tem dinheiro. Eles não têm nem capacidade de formar uma chapa”. E assim aconteceu com três lideranças, no mínimo. Lamentavelmente.

JLPolítica - Perderam Maria Mendonça e Georgeo Passos...
ACV - Não perdemos, porque não tínhamos. Chegamos a concluir acordo político com Dilson de Agripino, lá de Tobias Barreto e, de última hora, foi para o PPS, atendendo a um chamado de André Moura. O Georgeo tinha uma tendência para vir para o PSB, mas ele foi aconselhando a ir para qualquer partido, menos para o nosso - o que lamentamos, porque é um bom parlamentar, que espero possa estar no projeto jovem de Valadares Filho, e o estará. O trabalho deles - Edivan e André - nem foi contra o Governo. Foi com todo e qualquer político que quisesse vir para o PSB. Eles encontravam uma forma de chamar, e convencer, assim foi como com Maria Mendonça, que chegou a anunciar a ida para o PSB, conversou com Valadares Filho para se filiar e, em cinco minutos, mudou. Mas entendemos a situação de cada um deles, que sejam felizes. Agora, isso comprova a preocupação deles com a pré-candidatura de Valadares Filho.

Além da tribuna do Senado, tem as famosas tuitadas como fórum de debates

EDUARDO AMORIM É DO BEM, MAS TEM ANDRÉ
“Considero Eduardo um homem de bem. Um político sem maldades, de boa-fé, mas lamentavelmente todo esse sentimento foi obstaculizado pela ação de uma personalidade que centraliza o poder e que é chamada de André Moura”

JLPolítica - O senhor acha mesmo que o ex-ministro do STF, Joaquim Barboza, é um bom nome a disputar a Presidência da República do PSB?
ACV - Olhe, muito embora saibamos do prestígio político - não falo eleitoral - de Joaquim Barbosa, um homem conhecido nacionalmente pelo rigor, presteza e coragem de suas decisões judiciais como ministro do Supremo Tribunal Federal, ele se inscreveu no PSB não com a obrigatoriedade de ser candidato a presidente e nem também com a obrigatoriedade de o partido lançá-lo como candidato à Presidência. Ele é um militante do PSB. Transformou-se em um militante especial.

JLPolítica - O senhor não acha contraditório votar no impeachment de Dilma Rousseff e escrever artigo se apiedando do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
ACV - Eu não fiz artigo me apiedando de Lula. Eu fiz um artigo colocado os pontos nos is. Mostrando que existem dois tipos de brasileiros: os que têm foro privilegiado e os que não têm foro privilegiado. Os que têm foro privilegiado, respondem a ações há anos, porque detém mandato eletivo. Mas não são julgados com a mesma rapidez que o ex-presidente Lula foi. O que falei foi que, enquanto o foro privilegiado existir, haverá esse tipo de julgamento que você sabe que o juiz de primeira instância anda mais rápido no julgamento. Foi o que aconteceu com o presidente Lula. Eu já votei para derrubar o foro, foi para Câmara, mas engavetaram. Mas, se o Lula tivesse lá como os deputados e senadores esse julgamento ainda estaria encalacrado nesse privilégio odioso. Geraldo Alckmin, por exemplo, saiu do foro privilegiado e virou cidadão comum. É isso que tem que acontecer no Brasil, mas com todos.

JLPolítica - Há possibilidade de o PT de Sergipe marchar com o PSB este ano?
ACV - Olhe, o PT tem um acordo com o Governo de Sergipe. Participa ativamente do Governo. Como é que o PT vai encontrar um discurso para fazer aliança com outros partidos de oposição? É praticamente impossível uma aliança com o PT, por causa dessa disposição de estar com o Governo até o fim.

Com a morte de Eduardo Campos, o seu PSB apostou em Marina Silva. Para 2018, estuda o nome de Joaquim Barbosa
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