Belivaldo Chagas: “Eu sei ler os olhos do povo”

Entrevista

Jozailto Lima

Compartilhar

Belivaldo Chagas: “Eu sei ler os olhos do povo”

Publicado em 22  de setembro de  2018, 20:00h

“Nos próximos quatro anos, quero preparar Sergipe pros próximos 30”

Pelas chagas do convencimento e da profunda convicção: o candidato à reeleição de governador de Sergipe, Belivado Chagas, PSD, não parece fazer o menor malabarismo retórico para manifestar certeza e muita segurança de que se reelege para o mandato que ele ocupa desde o dia 7 de abril deste ano e pelo qual manifesta muito apreço e dedicação.

Estas certeza e segurança são manifestadas de ponta a ponta em todas as questões abordadas nesta entrevista concedida a este Portal JLPolítica perto do meio da última-feira, dia 19. “Eu converso com as pessoas. Eu circulo. Não sou uma pessoa de gabinete. Sou uma pessoa do povo. Eu sei ler os olhos do povo. Estou sendo bem recebido, estou sendo acolhido com carinho e por isso não tenho nenhuma dúvida de que estarei presente no segundo turno e, inclusive, em primeiro lugar. A partir daí, vamos trabalhar para ganhar as eleições para governador lá no segundo turno”, diz Belivado Chagas, sem alterar a modulação da voz.

Talvez mais convincentes do que a certeza e a segurança de que permanecerá na cadeira de governador a partir de 1º de janeiro de 2019 sejam as razões e os objetivos pelos quais ele busca esta permanência no posto que tem mais oito pretendentes. Aliás, sem julgar aqui até onde essas razões vazam de convincentes para reais, elas podem ser classificadas de muito nobres.

“De todo o coração, com toda a sinceridade, eu só tenho um projeto: se reeleito, e acredito que serei, eu quero preparar Sergipe, arrumar o Estado, reequilibrar as finanças, para entregá-lo bem ao próximo governador em 1º de janeiro de 2023, já que não serei candidato à reeleição. Eu quero, pretendo e desejo preparar o Estado de Sergipe nos próximos quatro anos para quem vier a ser o governador a partir de janeiro de 2023”, externa Belivaldo.

“Nós vivemos momentos de planejamento e momentos sem. Isso é péssimo. Você não pode pensar Sergipe para os próximos quatro anos. Você tem que pensá-lo, no mínimo, para os próximos 30 anos. E é dessa forma que estamos fazendo. É preciso acabar com essa história de que cada governante, ao sair, não se preocupa com a política de Estado e sim com a política de grupo. Eu vou, sim, preparar Sergipe, nos próximos quatro anos, pensando nos próximos 30 anos”, aprofunda ele.

“E digo mais: se a população parar para pensar um pouco nisso, verá que, no momento, o melhor candidato é Belivaldo Chagas. Exatamente e também por essa razão, além, é claro, de estar preparado e não preocupado com reeleição, enquanto os outros estarão assumindo para querer aparecer como bonzinhos e se preparar para uma reeleição. Não, eu não quero me preparar para nada, porque preparado eu já estou. Eu quero preparar o Estado para que o meu sucessor o receba em melhores condições do que as que estarei entregando a mim mesmo”, reforça.

Quer reeleger-se governador e ver o PT, de Fernando Haddad, novamente na presidência
Nasceu em Simão Dias, em 19 de abril de 1960

O QUE MEDE A EVOLUÇÃO DA SUA CAMPANHA?
“Diria que o que vem medindo a evolução da nossa campanha é a maneira afetiva com a qual estamos sendo recebidos pela população. O símbolo com as duas mãos, mostrando o 55, já se espalhou por todo o Estado, o que considero extremamente interessante”

JLPolítica – Quais são os passos que melhor medem a evolução da sua candidatura de 5 de agosto até hoje?
Belivaldo Chagas -
Eu diria que o que vem medindo realmente a evolução da nossa campanha é a maneira afetiva com a qual estamos sendo recebidos pela população. O símbolo com as duas mãos, mostrando o número 55, já se espalhou por todo o Estado, inclusive num aspecto que considero extremamente interessante e que serve como algo que você pode aferir se a campanha está crescendo ou não, que é o fato de as crianças fazerem este símbolo. Se a criança faz isso, é porque está ouvindo algo em casa. É porque de alguma maneira ela está encampando aquela luta. Este é um sinal da maneira carinhosa com a qual tenho sido recebido, porque é fato que do carro você fica acompanhando como as pessoas fazem o sinal - é claro que vem uma reação negativa aqui e acolá, isso é parte da democracia. E também atribuo essa evolução ao fato de que assumimos o Governo e chegamos para resolver. 

JLPolítica - O senhor se sente contemplado com essa espontaneidade da comunidade?
BC -
Sim, totalmente. Porque você vê que é uma forma carinhosa. Quando a pessoa não quer, olha para você e baixa a cabeça. Mas não: as pessoas estão fazendo esse sinal. 

Entende que Haddad cresce em virtude do legado eleitoral de Lula

A BASE ESPECÍFICA DA SUA CANDIDATURA
“Eu acho que é um conjunto. A minha candidatura especificamente tem a ver com a minha maneira de ser, com a sinceridade com a qual estou, por exemplo, governando. Eu sinto que as pessoas estão acreditando em mim”
 

JLPolítica - A sua candidatura tem uma base específica na qual se assenta e se afirma, ou tem diversas bases?
BC -
Eu acho que é um conjunto e não tem nada pronto, específico. A minha candidatura especificamente tem a ver com a minha maneira de ser, com a sinceridade com a qual estou, por exemplo, governando. Eu sinto que as pessoas estão acreditando em mim. 

JLPolítica – Na configuração da sua candidatura e na probabilidade de o senhor se reeleger governador de Sergipe, qual terá sido o peso dos cinco meses em que o senhor está à frente do Governo?
BC –
Esses cinco meses trazem o peso do reequilíbrio das contas. As pessoas estão cientes de que estou trabalhando de fato para reequilibrar as contas. E um fato concreto que a gente pode apresentar de que isso é verdadeiro foi exatamente o retorno de uma grande parcela de servidores a receber os salários dentro do mês. 

Foi como vice de Déda. de 2006 a 2010, que, interinamente, experimentou pela primeira vez o posto de governador do Estado de Sergipe

GOVERNAR É ATENDER PESSOAS
“Governar é, acima de tudo, buscar fazer com que as pessoas sejam realmente vistas, observadas, atendidas e contempladas de um modo geral. E por isso a gente procura agir nas áreas de saúde, educação e segurança”
 

JLPolítica – O que é, essencialmente, governar para o senhor?
BC -
Governar é, acima de tudo, buscar fazer com que as pessoas sejam realmente vistas, observadas, atendidas e contempladas de um modo geral. E por isso mesmo a gente procura agir nas áreas que tendem a atender mais diretamente a população, que são as de saúde, educação e segurança. 

JLPolítica – O senhor vê no fato de a sua candidatura estar aparecendo em segundo e já em primeiro em algumas pesquisas uma anulação da crítica de que o senhor e Jackson seriam responsáveis pelo pior Governo da história de Sergipe?
BC –
O que eu acho é que está acontecendo é que as pessoas, de forma inteligente, estão acompanhando o dia a dia da campanha, do processo eleitoral, e procurando saber quem é quem.

Voltou a ser vice-governador em 2015, agora de Jackson Barreto

AS PESSOAS SABEM QUEM É O GOVERNADOR
“Entendo que as pessoas estão compreendendo que o governador de Sergipe chama-se Belivaldo Chagas, sem interferência de ninguém. É bom quando você está governador e chega à conclusão de que os resultados estão acontecendo”

JLPolítica – E esse acompanhar anula essa crítica?
BC –
Não é que anule. Mas como elas estão acompanhando, estão vendo a minha maneira de ser e de governar e é até normal que comparem com a de Jackson. Se é igual ou não. Se ele interfere ou não na minha administração. Mas entendo que as pessoas estão compreendendo que o governador de Sergipe chama-se Belivaldo Chagas, sem interferência de ninguém.

JLPolítica – O senhor está gostando de ser governador?
BC –
Claro. É bom quando você está governador e chega à conclusão de que os resultados estão acontecendo e de que estão sendo positivos. Repito: as coisas estão melhorando na saúde, na educação e na segurança especificamente.

Em 7 de abril deste ano, após missa de ação de graças, se dirigiu à Alese, para efetivar-se governador do Estado

DIFERENÇAS DE ESTILO ENTRE ELE E JB
“Jackson sabe que tenho um estilo diferente de ser, e respeita esse meu estilo de ser e de governar. E esse meu estilo não quer confrontar com o dele. Apenas tenho essa maneira própria, e não estou dizendo que ela é melhor ou pior do que a de quem quer seja”

JLPolítica – Em algum momento, Jackson manifestou desconforto diante do seu slogan “Pra Sergipe Avançar” e da ideia de que o senhor é um reparador do Estado?
BC –
Não, em hipótese alguma. Jackson sabe que tenho um estilo diferente de ser, e respeita esse meu estilo de ser e de governar. E esse meu estilo não quer confrontar com o dele. Eu apenas sou diferente. Eu diria que acompanho as coisas mais de perto. Tenho essa maneira própria, e com isso não estou dizendo que ela é melhor ou pior do que a de quem quer seja.

JLPolítica - O senhor se vê fazendo malabarismos pessoais para evitar que o seu estilo como gestor conflite com o de Jackson Barreto e atinja a vocês dois?
BC –
Não, em hipótese alguma. Eu sou Belivaldo, e ponto. Ajo de acordo com os meus sentimentos, e fazendo isso tenho certeza absoluta de que não vou estar atingindo ninguém.

Hoje, filiado ao PSD, tenta se reeleger ao lado dos parceiros de sempre: PT e MDB

CRESCIMENTO QUE PODE VIR DE LULA
“Já vi pesquisas que mostram que Lula tem o poder de transferência na ordem de 70%. Claro que isso também pode casar com o meu crescimento, já que fazemos parte de um agrupamento que defende a candidatura de Haddad para presidente da República”

JLPolítica – O senhor identifica que poder de Lula no seu crescimento casado com o crescimento do candidato Fernando Haddad?
BC –
Acho que o crescimento de Fernando Haddad acontece especificamente pela relação direta dele com Lula. Mas não desconheço ser fato que Sergipe hoje, e as pesquisas têm mostrado isso, manifesta interesse em votar em Lula num percentual de aproximadamente 70%. E já vi pesquisas feitas em Sergipe e no Brasil afora que mostram que Lula tem o poder de transferência na ordem de 70%, mesmo estando preso. Claro que isso também pode casar com o meu crescimento, já que fazemos parte de um agrupamento que defende a candidatura de Haddad para presidente da República.

JLPolítica – O senhor já se imaginou alguma vez num segundo turno sem que Jackson Barreto tenha sido eleito senador?
BC -
Não. Até mesmo porque a credito que Jackson Barreto tem toda a condição de se eleger senador nesta eleição. Ele é o tipo de político odiado por determinado grupo e amado por outro. E quem o ama, não o larga. E quem parte para a campanha do ódio, pode até repensar. E nesse meio tem as pessoas que estão em dúvida e acabam pensando e repensando sobre Jackson e sua história. Então, não tenho dúvida de que Jackson também sairá vitorioso.  

É a primeira eleição que disputa fora do PSB dos Valadares. Agora, seus principais adversários

NÃO SE VÊ NUM 2º TURNO COM JB DERROTADO
“Até mesmo porque acredito que Jackson tem toda a condição de se eleger senador. Ele é o tipo de político odiado por determinado grupo e amado por outro. E quem o ama, não o larga. Não tenho dúvida de que também sairá vitorioso” 

JLPolítica - Como o senhor recebe a frase do senador Valadares, segundo a qual “Jackson Barreto e Belivaldo Chagas não sabem sair da enrascada em que se meteram e, por isso, preferem enveredar por uma linha de discurso radical, populista e mentiroso, na esperança de engabelar mais uma vez o eleitorado?”
BC –
O senador Valadares quando faz essa afirmativa, está agindo muito mais com o fígado do que com o coração ou com o sentimento de quem deveria agir com a razão. Não estou nem um pouco preocupado com o que Valadares pensa ou deixa de pensar.

JLPolítica – O senhor acha natural que a campanha saia, por vezes, da calha do oferecimento de ideias propositivas e caia no salamaleque das questões pessoais?
BC –
É natural, faz parte do show, embora não devesse acontecer. Eu particularmente não estou partindo para esse lado.

Se diz preocupado com a falta de competência de Valadares e Amorim

COMPOSIÇÃO DE UMA BASE DE APOIO FUTURA
“Estou convencido de que na Câmara teremos a maioria dos deputados, assim como na Assembleia Legislativa, com os estaduais. Lá na Câmara, pelas contas que fazemos hoje, teremos o mínimo de quatro deputados federais”

JLPolítica - Mas o senhor se considera vítima de ataques de alguma das duas maiores campanhas?
BC -
Não me preocupo com essas questões menores.

JLPolítica – O seu feeling político e eleitoral aponta para uma bancada de quanto federais pelo seu bloco?
BC –
Nós estamos diante de um processo extremamente difícil no que diz respeito a eleição proporcional. Há uma nova legislação eleitoral, que trata de sobras de campanhas, diferentemente do que aconteceu na eleição passada. Mas estou convencido de que na Câmara dos Deputados nós teremos a maioria dos deputados, assim como na Assembleia Legislativa, os estaduais. Lá na Câmara, pelas contas que fazemos hoje, teremos o mínimo de quatro deputados federais.

\"O governador de Sergipe chama-se Belivaldo Chagas, sem interferência de ninguém\", assegura

DA ARTE DE GOVERNAR E DE FAZER CAMPANHA
“Não tenho tido grandes problemas, porque sei separar as duas coisas. Como tenho conhecimento da máquina e um entrosamento muito forte com o secretariado, para quem tracei metas, e com elas estabelecidas tenho como acompanhá-las. Passo praticamente todos os dias pelo Gabinete”

JLPolítica – Como o senhor está fazendo para governar o Estado e “governar” a campanha?
BC -
Eu não tenho tido grandes problemas, porque eu sei separar as duas coisas. Como tenho conhecimento da máquina e um entrosamento muito forte com o secretariado de modo geral, para quem tracei metas, e com elas estabelecidas, tenho como acompanhá-las. Tenho passado praticamente todos os dias pelo Gabinete, ali trabalho, despacho e, no final da tarde, saio para a campanha. Portanto, não tenho tido problemas em governar.

JLPolítica – O senhor está seguro de que passará o Estado - para o senhor mesmo ou para um outro – dentro dos conceitos exigidos pela Lei da Responsabilidade Fiscal?
BC -
Com certeza. Estamos trabalhando para deixar o Estado em condições de governabilidade já a partir do encerramento deste Governo, que hoje me tem à frente.Ou seja, Belivaldo Chagas vai passar o Governo para Belivaldo Chagas.

\"Belivaldo está na cabeça do povo\", aposta

UM ESTADO DENTRO DOS RIGORES DA LRF
“Belivaldo Chagas vai passar o Governo para Belivaldo Chagas. Estamos trabalhando para deixar o Estado em condições de governabilidade já a partir do encerramento deste Governo, que hoje me tem à frente”

JLPolítica – Neste corre-corre de campanha, o senhor tem tempo de reparar nas brigas internas entre Márcio Macedo e João Daniel e nos boicotes da corrente Articulação de Esquerda, do PT?
BC –
Estou sabendo agora, por você, que tem havido problemas. Não tinha conhecimento (ele responde isso e faz uma cara de ironia).  

JLPolítica – São pesquisas ou convicções pessoais suas que indicam que o senhor tem que aproveitar tanto da presença da candidata a vice Eliane Aquino na campanha na TV?
BC –
É intuição acima de qualquer coisa. Porque, afinal de contas, eu conheço Eliane Aquino. Sei de sua capacidade técnica para ajudar no Governo, sei o quanto ela pode representar as mulheres. Enfim, ela foi escolhida muito mais pela sua capacidade técnica do que por qualquer outra questão.

Acredita na vitória de Jackson Barreto para o Senado

COMPREENSÃO DE EMPRESÁRIOS COM PAGAMENTOS
“Eles estão entendendo o empenho do Governo em fazer com que esses pagamentos efetivamente venham a acontecer. Não passa pela cabeça deste Governo e deste governador dar calote em nenhum prestador de serviço ao Estado”

JLPolítica - Qual é o risco de Simão Dias não fazer mais um governador sergipano este ano?
BC –
Esse risco não existe, porque Belivaldo já está na cabeça do povo.

JLPolítica - Qual tem sido o grau de compreensão da classe fornecedora de serviços e produtos ao Estado quando o Governo de Sergipe chama para repactuar valores e pagamentos?
BC -
Tem sido extremamente positivo, mesmo porque eles estão entendendo o empenho do Governo do Estado em fazer com que esses pagamentos efetivamente venham a acontecer. Não passa pela cabeça deste Governo e deste governador dar calote em nenhum prestador de serviço ao Estado de Sergipe.

Explica que Eliane Aquino foi escolhida vice pela sua capacidade técnica

POSITIVIDADE DO USO DA IMAGEM DE DÉDA
“Até mesmo porque, além de termos na chapa a figura de Eliane, esposa de Déda, temos também a figura de Belivaldo, que foi vice-governador dele. Somos dois verdadeiros filhos de Simão Dias. Verdadeiros, porque têm uns por aí que se dizem filhos de Simão Dias, mas não o são”

JLPolítica – As pesquisas qualitativas dos senhores apontam que peso da memória de Marcelo Déda numa campanha como esta, cinco anos depois da morte dele?
BC –
Confesso que não fizemos nenhuma pesquisa com esse objetivo.

JLPolítica – Mas nesse caso a intuição do senhor também aponta para o quê?
BC –
Aponta um sinal positivo, até mesmo porque, além de termos na chapa a figura de Eliane, esposa de Déda, temos também a figura de Belivaldo, que foi vice-governador dele. Somos dois verdadeiros filhos de Simão Dias. Verdadeiros, porque têm uns por aí que se dizem filhos de Simão Dias, mas não o são.

Diz que ele e Déda são os verdadeiros filhos de Simão Dias

COM QUEM DIVIDIRÁ O SEGUNDO TURNO
“Os números, segundo pesquisas, estão levando para a possibilidade de ser com o Valadares Filho, e talvez isso esteja acontecendo pelo fato de o próprio Eduardo Amorim ter aberto a guarda para Valadares Filho”

JLPolítica – O senhor visualiza com quem pode estar no segundo turno?
BC –
Os números, segundo pesquisas, estão levando para a possibilidade de ser com o Valadares Filho, e talvez isso esteja acontecendo pelo fato de o próprio Eduardo Amorim ter aberto a guarda para Valadares Filho. Confesso que não sei o que acontece, aconteceu ou está acontecendo com eles dois, mas até o presente momento da campanha eu não vi Valadares Filho se preocupar em atacar Amorim nem Amorim se preocupar em atacar Valadares Filho. Parece até que existe um acordo entre eles dois: quem for para o segundo turno apoia o outro. Com isso, acredito que Valadares Filho acabou trabalhando para poder atropelar a candidatura do Eduardo Amorim. Quem saiu perdendo, ao que me parece, foi ele.  

JLPolítica – O senhor está cansado ou extremamente cansado a esta altura?
BC –
Claro que o corpo cansa, assim como a mente vez por outra. Mas cada vez que a gente participa de uma carreata ou de um evento como participei esta semana à noite, num perímetro irrigado de um povoado em Areia Branca, e vê a satisfação da população pelos resultados que estão sendo positivos em função das ações do Governo do Estado e a forma carinhosa com qual eu tenho sido recebido isso serve de energia para que a gente continue avançando.

Reconhece ser extenuante a campanha. Mas diz renovar as energias com os gestos de carinho do povo sergipano

UM LEITOR DOS OLHOS DO POVO
“Circulo. Não sou uma pessoa de gabinete. Sou uma pessoa do povo. E sei ler os olhos do povo. Estou sendo bem recebido, acolhido com carinho e por isso não tenho nenhuma dúvida de que estarei no segundo turno e em primeiro lugar”

JLPolítica - O senhor temeu pela demora do deferimento da sua candidatura?
BC -
Em nenhum momento. Aliás, eu nem discutia isso, nem lembrava desse assunto. Não havia nada de concreto que pudesse criar problema com relação ao deferimento da minha candidatura. Aliás, eu não sei porque o Valadares Filho teve essa preocupação de buscar algo que não existia para que pudesse, de uma forma ou de outra, tentar criar algum embaraço. A ação foi inicialmente da coligação do candidato Valadares Filho. Acho que seria muito mais interessante ele se preocupar com o embate homem a homem do que com o embate ação da justiça x Belivaldo.  

JLPolítica – De onde é que vem a sua convicção de que o senhor chega dia 7 de outubro em primeiro lugar?
BC -
Eu converso com as pessoas. Eu circulo. Não sou uma pessoa de gabinete. Sou uma pessoa do povo. E sei ler os olhos do povo. Estou sendo bem recebido, estou sendo acolhido com carinho e por isso não tenho nenhuma dúvida de que estarei presente no segundo turno e, inclusive, em primeiro lugar. A partir daí, vamos trabalhar para ganhar as eleições para governador lá no segundo turno.

Acredita que sua coligação fará a maioria na Alese e na Câmara dos Deputados

DO PROFUNDO DESEJO DE ARRUMAR O FUTURO DE SERGIPE
“O que quero, com toda a sinceridade, é agir nos próximos quatro anos muito mais como gestor, como técnico, do que como político. Quero, pretendo e desejo preparar Sergipe para quem vier a ser o governador a partir de janeiro de 2023”

JLPolítica - Reeleito, o senhor terminaria o mandato com 62 anos. O senhor pararia por aí ou tentaria um mandato de senador?
BC –
Eu lhe confesso que não tenho nenhum interesse, absolutamente nenhum, em participar de uma eleição que me leve a Brasília. Não que eu tenha medo de avião, mas é que não gosto. Então, o que eu quero, com toda a sinceridade, é agir nos próximos quatro anos, enquanto governador, muito mais como gestor, como técnico do que como político. Eu quero, pretendo e desejo preparar o Estado de Sergipe nos próximos quatro anos para quem vier a ser o governador a partir de janeiro de 2023. De todo o coração, com toda a sinceridade, eu só tenho um projeto: se reeleito, e acredito que serei, eu quero preparar Sergipe, arrumar o Estado, reequilibrar as finanças, para entregá-lo bem ao próximo governador em 1º de janeiro de 2023, já que não serei candidato a reeleição. E digo mais: se a população parar para pensar um pouco nisso, verá que, no momento, o melhor candidato é Belivaldo Chagas. Exatamente e também por essa razão, além, é claro, de estar preparado e não preocupado com reeleição, enquanto os outros estarão assumindo para querer aparecer como bonzinho e se preparar para uma reeleição. Não, eu não quero me preparar para nada, porque preparado eu já estou. Eu quero apenas preparar o Estado para que o meu sucessor o receba em melhores condições do que as que estarei entregando a mim mesmo.

JLPolítica - Mas aos 62 anos, o senhor já vestiria o pijama?
BC –
Vou cuidar da vida. Não sei, de repente, daria um tempo da política. Para mim, seria mais importante pensar em governar e depois dar um tempo. Se tiver que retornar, retorno depois. Ora, tem gente aí aos 70 anos, 74 anos, tentando reeleição, por que eu não poderia voltar aos 70?

Encontra também as energias do neto, Miguel; e na filha, advogada Priscila Felizola

DO PROFUNDO DESEJO DE ARRUMAR O FUTURO DE SERGIPE III
 “Nós vivemos momentos de planejamento e momentos sem. Isso é péssimo. Você não pode pensar Sergipe para os próximos quatro anos. Tem que pensá-lo, no mínimo, para os próximos 30 anos. Eu vou preparar Sergipe pensando nos próximos 30 anos. E é dessa forma que estamos fazendo”

JLPolítica – E no caso de ser Bolsonaro?
BC –
Aí tudo, absolutamente tudo, pode acontecer, em virtude do temperamento dele.

JLPolítica – O senhor faz autocrítica sobre o modo como Sergipe foi tratado nos últimos 20 anos, do ponto de vista do planejamento?
BC –
Nós vivemos momentos de planejamento e momentos sem. Isso é péssimo. Você não pode pensar Sergipe para os próximos quatro anos. Você tem que pensá-lo, no mínimo, para os próximos 30 anos. E é dessa forma que estamos fazendo. É preciso acabar com essa história de que cada governante, ao sair, não se preocupa com a política de Estado e sim com a política de grupo. Não sei se pelo fato de ser praticamente o mesmo grupo, mas no Ceará, por exemplo, você tem o mesmo secretário há vários anos. Na Bahia, teve também na esfera do turismo. Em algumas áreas, é preciso ter essa continuidade, que é diferente de continuísmo. Então, acho que Sergipe precisa ser revisto, repensado nesse aspecto. Eu vou, sim, preparar Sergipe, nos próximos quatro anos, pensando nos próximos 30 anos.

Exerceu quatro mandatos na Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe

DO PROFUNDO DESEJO DE ARRUMAR O FUTURO DE SERGIPE II
“De todo o coração e sinceridade, só tenho um projeto: se reeleito, quero preparar o Estado, reequilibrar as finanças, para entregá-lo bem ao próximo governador em 1º de janeiro de 2023, já que não serei candidato à reeleição”

JLPolítica - Preocupa-lhe esta onda Bolsonaro galvanizando o Brasil?
BC –
Veja: é difícil definir Bolsonaro, porque eu entendo que nesse momento difícil pelo qual passa o país e que gerou uma certa desesperança, praticamente gerou um excesso de cobrança, e por isso mesmo as pessoas estão se apegando ao projeto de Bolsonaro, que, de concreto, eu particularmente não consigo enxergar nada. Mas estou convencido de que teremos um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, até mesmo porque os outros candidatos não se apresentam como novidade, mas no segundo turno, até mesmo quem vota em Haddad no primeiro por uma questão de eliminação, vai parar, pensar e vai entender que, neste cenário Haddad e Bolsonaro, o melhor candidato para tocar o Brasil e fazer com que ele retome o crescimento é o próprio Haddad, também pela sua experiência enquanto prefeito de São Paulo.

JLPolítica - O senhor não teme um Congresso conflagrado, com Haddad presidente?
BC -
Congresso é Congresso. Você vai ter ali mais de 500 deputados, infelizmente com esse pluripartidarismo que temos no país hoje você não sabe o que pode acontecer, só depois, com a composição propriamente dita, é que você vai saber para que lado isso pode tender. Mas Haddad tem capacidade para poder reunir forças no Congresso e chamá-los para uma união, ainda que temporária, pensando no bem do Brasil. Afinal de contas, nós sofremos muito com esse período de intervenção. O país não pode continuar com esse lengalenga. Então, independentemente de quem vier a ser o presidente - e eu acho que será Haddad -, entendo que o Congresso vai dar as mãos. É importante que todos os Poderes façam isso para que a gente tente colocar o Brasil no rumo do desenvolvimento. Melhor dizendo, nos trilhos, porque fomos todos jogados para fora dos trilhos a partir do golpe.

já presidiu o Projeto Nordeste e foi duas vezes secretário de Estado

ESPERANÇA DE QUE O CONGRESSE DÊ AS MÃOS
“Nós sofremos muito com esse período de intervenção. O país não pode continuar com esse lengalenga. Então, independentemente de quem vier a ser o presidente - e eu acho que será Haddad -, entendo que o Congresso vai dar as mãos”

JLPolítica – A sua aliança é muito grande e envolve muitos partidos. O senhor tem condição de dentro de uma composição assim pensar na meritocracia?
BC -
Não tenha dúvida. A política vai, sim, prevalecer, não tem como chegar ao poder sem a composição política, mas comigo é simplesmente assim: trabalhou dentro das metas que foram estabelecidas e cumpriu, fica. Não cumpriu, sai. Não importa se a indicação foi política ou técnica. Não tenho compromisso com a incapacidade nem com a preguiça.   

JLPolítica – Seu Governo deu um tempo ou abortou o Plano de Recuperação Econômica do Estado, que estava sendo elaborado pela Sefaz, com promessa de gerar 100 mil empregos até 2021, mas já a partir de 2018?
BC –
Nós estamos trabalhando nesse sentido. Ocorre que assumi o Governo em abril, com compromissos, inclusive com o subsídio da Policia Militar – cuja lei foi aprovada um ano antes. Eu não estava no Governo, mas fui eu que pague o subsídio agora. Isso significou um incremento de mais de R$ 3,5 milhões na folha. Os meses de julho, agosto e setembro são os piores com relação à arrecadação. Vou lhe dizer aqui algo em primeira mão: a arrecadação do mês de setembro será em torno de R$ 15 milhões a menos no que diz respeito ao FPE, quando comparado com o mesmo mês do ano passado. Isso é uma queda real e altera qualquer plano, porque estamos com o país nessa situação indefinida. Então, tenho certeza de que com os ajustes internos que estamos fazendo e com a retomada da economia, a partir do próximo presidente, isso vai se somar, porque estamos seguindo um caminho que tende a preparar Sergipe para um futuro de geração de emprego e renda, melhorando, portanto, a vida da população.  

É advogado e defensor público aposentando

DEPRECIAÇÃO DE VALADARES FILHO E DE EDUARDO AMORIM
“O que me preocupa é a falta de competência dos dois. Também a falta de conhecimento e de vontade para fazer. Valadares Filho não tem experiência do que é um emprego. Eduardo só teve a oportunidade de ser gestor quando foi secretário de Saúde do Estado e fez uma péssima gestão”

JLPolítica – O que lhe preocupa num Governo do Estado entregue a Valadares Filho ou a Eduardo Amorim?
BC -
O que me preocupa é a falta de competência dos dois. Também a falta de conhecimento e a falta de vontade para fazer. Eu não tenho nada contra qualquer um dos dois com relação ao pessoal, mas Valadares Filho não tem experiência do que é um emprego. Nunca trabalhou na vida. Ser gestor não é uma brincadeira, principalmente num tempo de crise como esse. Eduardo Amorim só teve a oportunidade de ser gestor quando foi secretário de Saúde do Estado e fez uma péssima gestão. Então, há falta de experiência e competência em ambos. E ela é danosa para qualquer gestão. Tenho certeza de que o sergipano, principalmente aquele que ainda não decidiu o voto, está vendo isso e pensando, analisando, a quem deve entregar o Governo.  

JLPolítica – Dentro das novas regras de contribuições, os colaboradores têm chegado junto ou o senhor estria com dificuldades financeiras para campanha?
BC –
Todos estão tendo problemas. Acho que nesse momento em que o país está sendo passado a limpo, contribuição de campanha é complicado para quem dá e também na hora de pedir. Por isso estamos trabalhando com os recursos que foram colocados à disposição via Fundo Partidário.

Ano de 1971, em Simão Dias. Terra de Celso de Carvalho, Marcelo Déda e Antonio Carlos Valadares: três ex-governadores. E do atual, Belivaldo Chagas Silva, que pode ser o futuro
Deixe seu Comentário

*Campos obrigatórios.