Valmir de Francisquinho:“A oposição tem condições e fará o próximo governador”

Entrevista

Jozailto Lima

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Valmir de Francisquinho:“A oposição tem condições e fará o próximo governador”

Publicado 8 de abril 20h00 - 2017

Ele é avexado. Nos passos e no pensamento. E sobretudo na maneira de ler e ver a política. Nunca um itabaianense se pareceu tanto com um itabaianense quanto ele no modo dinâmico de ser dos itabaianenses. Valmir dos Santos Costa, o Valmir de Francisquinho, prefeito de Itabaiana, acabou de fazer 45 anos em 3 de dezembro, mas completa nesta segunda-feira, dia 10, 24 anos e 100 dias de mandatos públicos – cinco de vereador e dois de prefeito.

É com este histórico, e do alto de uma fama de “o melhor prefeito de Sergipe”, que Valmir mira os horizontes de um futuro próximo e garante: “tenho a certeza de que a oposição, nesse momento, tem condições de fazer o próximo governador de Sergipe. E vai fazer”, diz ele.

“As pessoas acreditaram em Jackson quando ele disseminou em 2014 que Eduardo Amorim seria um mal para o Estado. Que Sergipe seria saqueado. E o que nós estamos vendo hoje, tristemente, é o contrário: salários dos servidores atrasados, os professores e servidores em geral fazendo greve, políticos e mais políticos com cargos valorosos a custa do Estado e a administração cada vez mais desvalorizada”, afirma Valmir.

É neste vácuo que o prefeito da outrora Itabaiana Grande vislumbra também grandemente: “Vejo que Eduardo Amorim tem sido um exemplo para Sergipe e para o Brasil. Foi escolhido o “Senador Nota 10” pelos grandes colunistas políticos desse País. Não é Valmir que está dizendo. A história o credencia e diz que Eduardo está extremamente preparado pelo respeito e pela seriedade com que trata as coisas públicas, como quem administra uma empresa em ascensão. Ele tem todas as qualidades para ser um grande governador”, assegura.

Sempre pontuou avaliações positivas acima da casa dos 80%
Ele é avexado. Nos passos e no pensamento. E sobretudo na maneira de ler e ver a política

JLPolítica – É fácil comemorar 100 dias quando se é sucessor de si mesmo?
Valmir de Francisquinho – Para mim, tem sido fácil. Até mesmo porque já estamos mais preparados para administrar o município de Itabaiana. Então, vejo que nesse mandato os 100 primeiros dias foram extremamente proveitosos para a melhoria da qualidade de vida do povo.

JLPolítica – Em linhas rápidas, qual o saldo positivo destes quatro anos e três meses? O que mudou na anatomia do lugar?
VF – Vejo que, em primeiro lugar, deu-se o resgate à autoestima do servidor, que não tinha salários em dia e ficava com até três meses de salários atrasados. Itabaiana tinha R$ 33 milhões em débitos e nós pagamos quase toda a dívida do município, restando apenas R$ 4 milhões. Pagamos os salários dos professores em dia e também o piso nacional do magistério desde o primeiro mês. Estamos antecipando o pagamento, como agora em abril, quando os vencimentos começarão a ser pagos no dia 20. Posso dizer que Itabaiana vive hoje como um canteiro de obras, seja na zona urbana ou na rural, o que nos deixa extremamente satisfeitos, já que mudamos significativamente a cara da administração do município.

JLPolítica – E como era antes, prefeito?
VF – Itabaiana era uma cidade suja, sem perspectiva para os servidores, que viviam na incerteza de receber os salários e hoje nós estamos tranquilos, com nosso dever cumprido.

LUCIANO BISPO
"Como presidente da Assembleia, um dos poderes importantíssimos no Estado, pelo peso que tem, nunca levou nenhum benefício para Itabaiana"

JLPolítica – O senhor administra uma cidade de 100 mil habitantes e fala muito em servidores. Se administra só para servidores?
VF – Não. A administração é um todo, mas há prioridades. No nosso caso, a de número 1 é a autoestima do servidor. E como se faz isso? Pagando o salário em dia e valorizando as categorias, pois eu sozinho não faço acontecer. A administração tem tido sucesso, brilho, por causa dos secretários, dos diretores de Departamentos e dos servidores. Todos têm a mesma importância que o prefeito, cada um com sua parcela de contribuição.

JLPolítica – O senhor é um prefeito de oposição. Como é a sua relação com o governador Jackson Barreto?
VF – O governador faz a parte dele e eu faço a minha. As vezes que eu procurei o governador, ele não se colocou à disposição de Itabaiana para trazer obras para a melhoria da qualidade de vida da população, exceto as obras que já estavam alocadas no Proinveste e foram da época do ex-governador Marcelo Déda, como o Ginásio, o Centro de Abastecimento, a Rodovia que liga Itabaiana a Itaporanga D’ajuda e a lagoa de estabilização e estação de tratamento do esgoto.

JLPolítica – Eram obras já previstas?
VF – Essas obras já estavam alocadas há dez anos. Então não posso dizer que foram trazidas pelo governador Jackson Barreto. É bem verdade que ele está dando continuidade ao processo da vinda delas, mas o empréstimo dos recursos já havia sido feito e o Estado de Sergipe deve esse dinheiro e os sergipanos é que vão pagar, e pagar um preço alto. Aliás, não concordo com empréstimo para a realização de obras. Concordo com políticas públicas de arrecadação, de responsabilidade, de honestidade, para trabalhar. Para pagar o servidor e fazer os investimentos necessários, seja em nível estadual ou municipal.

JLPolítica – O senhor tem sido recebido quando pede audiência com Jackson Barreto?
VF – Fui recebido uma única vez e o governador me tratou, institucionalmente, bem. Fomos pedir segurança para a Festa do Caminhoneiro e fomos atendidos.

Casado, pai de dois filhos, Valmir de Francisquinho mora há 23 anos numa mesma casa

JLPolítica – Ter Luciano Bispo, um ex-prefeito, como presidente da Assembleia e aliado ao governador não favorece o município?
VF – Luciano Bispo, como presidente da Assembleia, um dos poderes importantíssimos no Estado, pelo peso que tem, nunca levou nenhum benefício para Itabaiana.

JLPolítica – Itabaiana é a quarta maior cidade do Estado e não tem nenhum deputado federal. O senhor teria uma justificativa para isso?
VF – Teria. Tanto que eu dizia já no primeiro mandato que Itabaiana tem perdido muito por causa disso. Inclusive, na última eleição, votamos em um candidato de Aracaju. A cidade que tem um filho como representante federal tem um ganho muito grande, porque ele busca recursos significativos para obras estruturantes. Itabaiana está há 12 anos sem essa representação e perdendo grandes obras por não ter um filho do município lá.

JLPolítica – E não tem este deputado por quê?
VF – Não tem porque, na verdade, nenhum dos grupos existentes no município têm condições financeiras para colocar um deputado federal lá. Mas agora há a possibilidade de Itabaiana ter um deputado federal e não vamos abrir mão disso neste momento, quando estamos muito bem em termos administrativos.

ITABAIANA
"Era uma cidade suja, sem perspectiva para os servidores, que viviam na incerteza de receber os salários e hoje nós estamos tranquilos, com nosso dever cumprido"

JLPolítica – Quem seria esse filho de Itabaiana?
VF – Temos alguns nomes: temos José Carlos Machado, que é um grande nome, temos o meu filho, Talysson Costa, que tem 26 anos e vive na política desde quando eu estou nela, e tem outros amigos que estamos conversando para ver se eles se colocam à disposição. Estamos conversando com o grupo para definir se este nome, filho de Itabaiana, tem concordância ou não.

JLPolítica – O senhor usou a “expressão condição” financeira para ter um deputado federal. E precisa disso?
VF – Sim, é necessário. Eu moro numa casa alugada ainda. Estou no quinto ano de prefeito. Tive cinco mandatos como vereador e não tenho condição financeira. Sou filho de família simples, de gente que mora no mesmo lugar e não tem fortuna. Então sei que requer uma condição financeira para ser deputado federal. Claro que é preciso também ter, também, a legalidade da legislação eleitoral.

JLPolítica – Por que que o senhor é empresário e prefeito e ainda mora de aluguel?
VF – Eu me dediquei ao longo do tempo à vida pública. E quando se é homem público no Nordeste, região que tem uma política assistencialista, clientelista, onde as pessoas carentes batem à sua porta, você precisa se sensibilizar com a necessidade delas e atendê-las. Então, por ser assim, dificilmente você terá fortuna com um salário de prefeito ou de vereador. Você só adquire fortuna se fizer o que estão fazendo no País: saqueando os cofres públicos. Mas nós nunca fizemos isso, seja enquanto vereador ou enquanto prefeito. E não faremos enquanto estivermos na vida pública, porque fomos criados e moldados para ter respeito, decência e honestidade, para trabalhar com seriedade, e assim vamos viver, até mesmo porque entendo que a vida é passageira. Não adianta ter fortuna e não ter paz, deitar e não dormir. Eu posso dizer que deito e durmo com a consciência tranquila do nosso dever cumprido. Tanto é verdade que estamos fazendo, sem ajuda do Governo, apenas com recursos próprios, diversas obras. O resultado é que nossa gestão teve esse respaldo nas urnas, com uma diferença de dois votos por um sobre o nosso adversário histórico.

Nunca um itabaianense se pareceu tanto com um itabaianense quanto ele no modo dinâmico de ser dos itabaianenses

JLPolítica – Em 2018, o senhor interrompe o mandato de prefeito, pensando numa nova eleição, ou continua?
VF – Não interromperei. Continuarei. A minha palavra, que dou politicamente desde os meus 18 anos, eu cumpri. E cumprirei aquilo que prometi em palanque, de que não me afastaria. Mesmo tendo uma vice na qual confio muito, que é a Maria do Carmo Mendonça, a Carminha. Mas não me afasto.

JLPolítica – Como está a sua relação com os Mendonça Teles? Está boa, arranhada ou pode arranhar no futuro?
VF – Vejo que política só se faz somando, multiplicando. A gente sabe que cada um tem seu entendimento, mas a gente já tem nossa candidatura a deputado estadual, que será a deputada Maria Mendonça ou um candidato dos Teles de Mendonça – mas creio que será Maria. A gente respeita a liderança da deputada Maria Mendonça e a do grupo dos Teles de um modo geral. Aqueles que querem conviver comigo, sabem que tem convivência. Agora tem aqueles que deixam as vaidades pessoais transcenderem ou que se acham líderes – a esses eu diria que líder é Jesus Cisto. Nós estamos apenas ocupando um cargo político no momento em que Deus nos deu a oportunidade. Mas isso é muito passageiro. Enquanto Deus e a população entenderem, nós estaremos na política. Quando não, a gente sai.

JLPolítica – O senhor vê vaidade em algum dos Teles de Mendonça? A ponto de interromper o relacionamento?
VF – Não vejo. Não sinto essa necessidade. Nem neles e nem em mim – e não adiantam as tentativas de intriga.

JACKSON BARRETO 
"O governador faz a parte dele e eu faço a minha. As vezes que eu procurei o governador, ele não se colocou à disposição de Itabaiana para trazer obras para a melhoria da qualidade de vida da população"

JLPolítica – O senhor disse recentemente a este Portal que não tem como a oposição perder a eleição em 2018. Por quê?
VF – Vejo essa situação pelo seguinte ângulo: as pessoas acreditaram em Jackson Barreto quando ele disseminou em 2014 que Eduardo Amorim seria um mal para o Estado. Que Sergipe seria saqueado. E o que nós estamos vendo hoje, tristemente, é o contrário: salários dos servidores atrasados, os professores e servidores em geral fazendo greve; políticos e mais políticos com cargos valorosos a custa do Estado, e a administração cada vez mais desvalorizada. Então, com a rejeição de 60% ou 70% que o governador tem, dificilmente ele fará o sucessor. Por isso tenho a certeza de que a oposição, nesse momento, tem condições de fazer o próximo governador de Sergipe. E vai fazer.

JLPolítica – O senhor falou mais dos defeitos dos governistas. E quais são as virtudes dos oposicionistas para chegar lá?
VF – Vejo que a história tem mostrado essas virtudes. Vejo que Eduardo Amorim tem sido um exemplo para Sergipe e para o Brasil. Foi escolhido o “Senador Nota 10” pelos grandes colunistas políticos desse País. Não é Valmir que está dizendo. A história o credencia e diz que Eduardo está extremamente preparado pelo respeito e pela seriedade com que trata as coisas públicas, como quem administra uma empresa em ascensão. Ele tem todas as qualidades para ser um grande governador.

JLPolítica – Entre Eduardo Amorim, Antônio Carlos Valadares e André Moura, quem o senhor acha que seria melhor colocado hoje?
VF – São três nomes excelentes. O senador Antônio Carlos Valadares já mostrou toda a competência, seriedade e honestidade quando foi governador, tanto que está aí no terceiro mandato de senador – já deputado estadual e federal, ocupou diversos órgãos e ninguém vê nada que macule a imagem dele. Sobre Eduardo Amorim já falei o que penso, e André Moura a gente sabe que ele tem despontado como um grande político no cenário nacional. E a importância dele, entre outras coisas, nesse cenário é a de trazer recursos para todos os municípios e para o Estado.

Valmir dos Santos Costa, o Valmir de Francisquinho, prefeito de Itabaiana, acabou de fazer 45 anos em 3 de dezembro

JLPolítica – Como o senhor vê as conversas entre Jackson e André Moura?
Veja aqui a ironia: Jackson Barreto dizia que André Moura era ruim, mas hoje ele mudou o discurso. Tudo que ele dizia está caindo por terra. Era apenas discurso para descaracterizar o adversário, e aí seja Eduardo Amorim, seja Valadares, seja André Moura. Está provado por A + B que Jackson Barreto usa o discurso para desqualificar e tentar desmoralizar os adversários, tentando imputar atos que não existem a esses políticos. Tanto é que ele já caminhou com Amorim e dizia que era um homem de bem, um santo. Mas hoje é o diabo. Assim como com Valadares e como com André Moura. Mas as coisas mudaram. Não são mais assim. Você pode até acreditar no discurso de Jackson Barreto, mas a palavra dele não merece mais credibilidade.

JLPolítica – Diante disso, o senhor acredita que ele tem crédito para ser candidato a senador?
VF – Vejo que ele pode ser candidato, mas ter condições de se eleger, aí só o futuro vai dizer.

JLPolítica – Prefeito, o seu Governo tem ou não corrupção?
VF – Posso garantir que de tudo que chegou ao nosso conhecimento de ato que não seja legal dentro da administração, nós punimos com agilidade, com rapidez. É humanamente impossível afirmar 100% que não há, mas naquilo que diz respeito a mim e ao que chega ao meu conhecimento, há respeito a cada centavo arrecadado em Itabaiana. Tanto é verdade que nossas ações administrativas têm mostrado isso ao longo do tempo.

FICO 
"Não interromperei. Continuarei. A minha palavra, que dou politicamente desde os meus 18 anos, eu cumpri. E cumprirei aquilo que prometi em palanque, de que não me afastaria. Mesmo tendo uma vice na qual confio muito, que é a Maria do Carmo Mendonça, a Carminha. Mas não me afasto"

JLPolítica – Qual o segredo, a arte, de ser um bom prefeito?
VF – É ser presente. É estar 24h à disposição da administração. Claro que é preciso tratar a coisa pública com seriedade, com responsabilidade, acompanhando tudo que acontece dentro da administração. Mesmo com uma cidade de 100 mil habitantes, dá para acompanhar, e eu acompanho.

JLPolítica – O senhor acha que os demais 74 prefeitos têm esse olhar sobre a gestão deles?
VF – Eu quero tratar da minha administração. Cada um tem seu perfil, sua metodologia, e trata sua gestão de acordo com o que julga correto. Nossa forma é essa.

JLPolítica – Qual é o projeto do senhor para o pós-2020?
VF – O futuro pertence a Deus. A vontade é de continuar na política, com a graça de Deus.

Você só adquire fortuna se fizer o que estão fazendo no País: saqueando os cofres públicos”, diz.
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